O individualismo metodológico é uma posição epistemológica a partir da qual se argumenta que todos os fenômenos e estruturas sociais são explicados pelas decisões dos indivíduos.
De acordo com o individualismo metodológico, as categorias teóricas de "classe", "etnia", "gênero" não são necessárias para compreender o funcionamento da sociedade. Basta conhecer os determinantes do comportamento individual para compreender os agregados. Ou seja, os fenômenos que envolvem toda uma população.
O individualismo metodológico é usado não apenas em economia, mas em muitas ciências sociais, como antropologia, sociologia e ciência política. Na teoria econômica, geralmente está associado ao conceito de escolha racional. No entanto, o individualismo não pressupõe egoísmo ou racionalidade, é apenas uma posição metodológica que fundamenta todos os macro fenômenos em micro fenômenos.
Pode ser resumido como "o todo é igual à soma das partes".
Individualismo metodológico em economia
Os expoentes teóricos do individualismo metodológico em economia são Carl Menger, Max Weber, Joseph Schumpeter, Friedrich von Hayek e Jon Elster. A maioria dos economistas aceita e usa essa suposição teórica (com exceção dos marxistas e antigos institucionalistas).
O uso dessa suposição está implícito nos modelos de equilíbrio parcial, equilíbrio geral e equilíbrio de Nash.
Nestes modelos, o mais importante é saber o tipo de agente (por exemplo, consumidor ou produtor), o objetivo da decisão (por exemplo, maximizar o lucro ou minimizar custos), a própria decisão (por exemplo, comprar ou vender) e as consequências de sua decisão (o que você tem que pagar ou receber pelo que decidir).
Teoria da escolha racional
Aprofundando-se no objetivo da decisão, os economistas acrescentam o pressuposto da escolha racional. O indivíduo escolhe racionalmente se escolhe a alternativa que lhe proporciona uma utilidade maior, ou seja, um pagamento maior.
Por exemplo, se surgir a possibilidade de ir ao cinema ou a um museu, o agente racional faz uma estimativa do que receberia por ir a cada local e escolheria ir ao local onde recebe os maiores pagamentos.
As dificuldades da teoria da escolha racional são três:
1. O agente não possui informações suficientes para estimar os diferentes cenários possíveis.
2. Mesmo que você tenha informações completas, o agente não faz as estimativas necessárias.
3. Mesmo tendo feito o orçamento, o agente não escolhe a opção que lhe dá o maior pagamento.
Microfoundation of macroeconomics
De acordo com Hal Varian, a microeconomia estuda como as famílias e as empresas tomam decisões sob o princípio da escolha racional e da otimização. Uma vez que os eventos que ocorrem em toda a economia são o resultado da inter-relação de muitas famílias e muitas empresas, a microeconomia e a macroeconomia estão intrinsecamente ligadas.
Assim, os microfundamentos da macroeconomia é o conceito utilizado para se referir a uma das aplicações do individualismo metodológico, no sentido de que fenômenos macroeconômicos (como desemprego, inflação, ciclos de negócios) podem ser entendidos como a simples soma de muitas decisões individuais.
Por exemplo, para entender o comportamento de consumo de um país inteiro, é preciso pensar em uma família que deve dizer quanto consumir e quanto economizar. Por outro lado, para entender o comportamento do investimento, é preciso pensar em uma empresa que tem que decidir se investe em uma nova fábrica ou em um centro de distribuição.
No entanto, alguns economistas como Alan Kirman, Samuel Bowles, Jan Kregel e Steve Keen, enfatizam que os microfundamentos da macroeconomia são inconvenientes porque o todo não é igual à simples soma das partes. Em particular, a presença do Estado, das instituições e de outros fatores emergentes requerem um entendimento diferente da Macroeconomia, bem como da teoria do crescimento econômico.
A posição oposta ao individualismo metodológico é o holismo metodológico, segundo o qual, é necessário partir dos agregados e ter a visão do todo. Na economia, o holismo metodológico é assumido por marxistas (que colocam grande ênfase na noção de "classe social") e institucionalistas (que, como seu nome indica, estudam as instituições, sua importância e sua evolução).
Uma posição intermediária entre o individualismo metodológico e o holismo metodológico é aquela que compreende a importância do comportamento individual. Por sua vez, é influenciado pelo ambiente (instituições e outros agentes), que é dinâmico e complexo.
Referências:
Varian, H. (2015) Intermediate microeconomics. Barcelona: Antoni Bosch.