Saving: uma ferramenta muito útil no combate às crises

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Anonim

A crise revelou, por sua ausência, os benefícios da poupança. E não se trata apenas de um condicionador para o crescimento futuro, mas também de um elemento fundamental para combater a pobreza superveniente e, com ela, alcançar o bem-estar.

O advento de uma crise económica de dimensões tão marcantes como a que hoje se vive na nossa economia despertou a engenhosidade dos agentes socioeconómicos que, como puderam, foram se adaptando ao novo ambiente que nos foi apresentado. Com uma taxa de poupança maior que já aparece nos indicadores econômicos, a população do planeta começou, nos últimos meses, a “apertar o cinto” e, nesse sentido, a se preparar para a situação que se aproximava. Uma preparação em que, no entanto, o choque de oferta que essas economias enfrentaram, bem como outros fatores, tiveram um papel determinante.

Como dissemos, o forte choque de oferta que a economia enfrentava fez com que os cidadãos que não pouparam, diante do ocorrido, começassem a fazê-lo. Nesse sentido, é o que observamos ao se analisar economias como a espanhola, onde a taxa de poupança atinge máximos históricos, e tudo isso, em um cenário em que as receitas e os lucros das empresas caíram significativamente. E o que significa este notável aumento da taxa de poupança não está tanto relacionado com o facto de os espanhóis terem aprendido a poupar, mas sim que, em consequência deste forte choque, os cidadãos foram obrigados a poupar, tendo gerado poupanças forçadas. que, a somar a esta poupança previdenciária, deixam anomalias como a apresentada pela Espanha; onde a economia mostra seus melhores dados, desde o início da série histórica em 1999.

Sendo mais ou menos forçados, o que podemos extrair desta situação, e o que procuramos destacar nestas primeiras linhas do artigo é que, tal como nas crises passadas, uma das técnicas mais utilizadas pelos cidadãos perante os efeitos de uma crise econômica foram poupanças. Poupança que não só definirá o ritmo de recuperação, dada essa maior capacidade de demanda, mas também deve ser uma das lições que, pelo que aconteceu, podemos extrair desta pandemia. Bem, tomando o mesmo exemplo da Espanha, mas em momentos antes da pandemia, 30% das famílias do país, apesar dos dados que conhecemos hoje, chegaram a esta crise, segundo o Observatório de Poupança Familiar da Mutualidad de la Lawyers, com economia de menos de um salário médio de um mês.

Salvando: um problema pendente

"Enquanto a Alemanha lidera, junto com outras economias com grande potencial, as economias de língua espanhola, entre as quais a Espanha também se destaca, estão mais atrasadas neste campo."

Costuma-se dizer que a capacidade futura de crescimento de um país é medida pela poupança que os agentes econômicos têm hoje. E é por isso, como sabemos, por isso que se costuma dizer que a base do capitalismo é a poupança, porque dessa poupança saem esses recursos para, no futuro, investir e aumentar os gastos neste tipo de item; promovendo assim o crescimento econômico. No entanto, apesar de se tratar de uma máxima da economia, não parece que essa máxima tenha penetrado da mesma forma em todos os países que compõem o planeta. Enquanto a Alemanha está na vanguarda, a par de outras economias com grande potencial, as economias de língua espanhola, entre as quais também se destaca a Espanha, ficam ainda mais atrás neste domínio.

América latina

No que se refere à situação dos países latino-americanos, vejamos como estão se saindo os diferentes países que compõem a região em questões como o tratado. Para isso, os dados que utilizamos na análise foram extraídos de organismos multilaterais como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), bem como de outros organismos, como o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Assim, o que o Banco Interamericano de Desenvolvimento nos diz sobre as economias latino-americanas, grosso modo, é que elas economizam muito pouco, enquanto o pouco que economizam, economizam mal. Situação que, segundo os indicadores oferecidos pela organização, coloca a região em termos de economia, apenas à frente da África Subsaariana. E, no que diz respeito aos dados objetivos, a região economiza apenas 18% do PIB, de acordo com o relatório. Se olharmos para as principais economias desenvolvidas, o que observamos é que esses indicadores sobem para muito próximos de 35% de seus respectivos níveis de PIB; o que mostra a existência de problemas que impedem esta convergência necessária.

Como podemos ver, os números apresentados pelas economias latino-americanas em termos de poupança bruta como porcentagem do PIB são notavelmente inferiores aos apresentados por outras economias. Essa situação, como descreve o BID, coloca em risco o crescimento e o desenvolvimento futuro dessas economias. Além disso, desses números extrai-se que 35% da poupança total da região é representada por famílias latino-americanas, de forma que 60% correspondem a empresas dos diferentes países que compõem esta seleção, além de um escasso 5 % para governos. Números que, embora semelhantes aos recolhidos por outras economias, evidenciam a má distribuição desta poupança, bem como os riscos que podem decorrer de esta situação se tornar estrutural.

Espanha

Por outro lado, nos dados que conhecemos sobre a economia espanhola, estes, da mesma forma, estão abaixo dos apresentados por outras economias semelhantes à sua volta. Para isso, fazemos o mesmo contraste, mas com economias que apresentam características semelhantes às da Espanha. Nesse caso, com economias da União Européia.

Assim, a Espanha, da mesma forma, é uma economia que apresenta uma taxa de poupança muito diferente daquela apresentada pela economia de referência da União Europeia: a economia alemã. Neste sentido, com os dados de 2018, a taxa de poupança em percentagem do PIB no país espanhol situou-se em 22% do PIB. Nesse sentido, mesmo o México, sendo um país que deve corrigir esta situação e que não é tomado como exemplo, apresenta uma taxa de poupança superior à apresentada pela economia espanhola. Mas o que foi dito não é curioso numa análise que, com foco na gestão pública, mostra uma falta de poupança que acabou limitando a resposta fiscal do país para combater esta crise que nos atinge hoje.

E é que, se compararmos com economias como a da locomotiva econômica da União Européia, ela se situa perto de 30% do seu PIB. Estes dados mostram-nos, tal como no contraste anterior, que Espanha, como vemos, também tem problemas que apontam para a necessidade de aumentar esta taxa de poupança; e com ele o potencial de crescimento desta economia, bem como a preparação para cenários de crise econômica. Bem, apesar dos dados coletados hoje sobre a taxa de poupança, aqueles mostrados antes que determinam o choque de oferta que observamos no início não são tão positivos.

Em suma, poderíamos analisar mais detalhadamente os dados que são oferecidos. No entanto, estes, na análise superficial das taxas de poupança bruta em relação ao seu nível de PIB, já apresentam motivos suficientes para evidenciar esse problema, bem como para estimular a poupança. Pois bem, se continuarmos assim, não estamos apenas a falar de uma limitação maior em termos de crescimento futuro, mas também, da mesma forma, estamos a falar de uma maior vulnerabilidade dos cidadãos em cenários semelhantes ao que vivemos hoje. .

De gastos com formigas à economia de formigas

"Todos esses custos de formigas, salvos e depositados em uma conta, são economias de formigas que podem nos ajudar a combater situações como a atual."

Se pararmos para analisar nossas rotinas diárias, podemos ver que, a partir do momento em que nos levantamos, pegamos o transporte para ir trabalhar, tomamos café da manhã, comemos, praticamos alguma atividade de lazer ou fazemos esportes, temos um cerveja com os amigos, vamos às compras, ou fazemos uma das muitas atividades que podem ser feitas ao longo do dia. Como sabemos, essas ações não são gratuitas, então, no final das contas, teremos incorrido em uma série de despesas que, na maioria das vezes, nem mesmo consideramos e analisamos com atenção. Ou seja, assumimos despesas que costumamos incorrer quentes, que temos no nosso dia a dia, e às quais, via de regra, não costumamos dar importância.

Essas despesas são o que os economistas definem como "despesas com formigas".

Porém, da mesma forma que existem gastos com formigas, temos outra série de situações, muito semelhantes na prática, em que podermos fazer economias, correndo e não parando para pensar na compra que estamos fazendo, bem como avaliando decisões e alternativas, nos levam, às vezes, a não escolher a estratégia certa. Desta forma, conduzindo-nos a uma situação em que temos que enfrentar um custo maior para adquirir um bem que poderíamos ter adquirido em outro local de forma mais econômica. Este, assim como outros cenários em que esta mesma correria, por qualquer motivo, nos leva a não parar diante de ofertas nas quais, dedicando 5 minutos do nosso tempo, obtemos um reembolso parcial do valor pago no início.

Essas economias, embora não sejam definidas como tal, são aquelas que gosto de definir como economia de formigas. Todos esses custos de formigas, salvos e depositados em conta, são poupanças de formigas que podem nos ajudar a combater situações como a atual, gerando um colchão de economia de longo prazo, e sem a necessidade de incorrer em cenários tão desagradáveis ​​como o citado pelo Observatório de Poupança da Família. E, a falta de educação financeira no país, apesar de 77% dos pais, como diz o Banco da Espanha, considerá-la uma necessidade em sala de aula, nos leva a não promover uma cultura de poupança, que poderia levar a uma melhoria considerável em nossas vidas, aplicando certos padrões como economizar em tudo o que fazemos ao longo do nosso dia a dia.

Então, não me refiro a buscar economia constante, às custas de pior serviço e pior qualidade de vida. Mas, como mostro, estou falando de todas aquelas ações em que poder obter a poupança, os tempos e a necessidade, além de não parar para pensar no que fazemos, nos leva a ter que desembolsar a maior parte do nosso rendimento; não nos permitindo, por outro lado, maximizar nosso lucro. Uma pausa que, se aplicada, poderia gerar essa economia, bem como a almofada necessária para fazer frente a imprevistos. Tudo isto, enquanto o fazemos com a certeza de que, com o passar do tempo, menos famílias devido à promoção desta estratégia, terão de enfrentar os efeitos desta (perigosa) pobreza superveniente.