Karl Polanyi - Biografia, quem é e o que fez - 2021

Karl Polanyi foi um cientista social austríaco, conhecido pela relação que estabeleceu entre a história econômica e a teoria antropológico-sociológica, para a explicação das mudanças nos sistemas econômicos.

Karl Polanyi (1886-1964) nasceu em Viena, Áustria. Sua juventude foi passada na Hungria, estudando Filosofia e Direito. Ele liderou movimentos estudantis com ideias progressistas e passou a servir como secretário-geral de um partido político radical.

Depois de vivenciar a situação da Primeira Guerra Mundial e a ascensão do fascismo em vários países da Europa continental, ele decidiu emigrar para a Inglaterra em 1933. Lá ele co-fundou um pequeno grupo de "Esquerda Cristã" e se aprofundou na economia e na sociedade inglesa história.

Em 1947, ele foi nomeado professor visitante na Universidade de Columbia. Mas ele teve que se estabelecer com sua família no Canadá, pois sua esposa não foi autorizada a entrar nos Estados Unidos por causa de sua militância socialista anterior. Lá ele permaneceu até sua morte.

A oposição de Polany ao pensamento econômico tradicional e ao monetarismo é parte da herança da história da economia e da sociologia. Ele é considerado o criador do substantivismo, um tipo de abordagem cultural da economia, que enfatiza a forma como as economias se integram à sociedade e à cultura.

Embora seu ponto de vista seja contrário à corrente principal da economia ortodoxa, sua influência se destaca na antropologia, história econômica, sociologia econômica e ciência política. Também é altamente considerado dentro das posições mais sociais da economia, como o Keynesianismo e a Teoria Monetária Moderna.

Inquéritos econômicos e antropológicos

Polanyi aproximou-se do pensamento de Marx e dos economistas austríacos, pois questionava muito sobre a viabilidade do socialismo. Ele rejeitou as teorias determinísticas que tentavam explicar os altos e baixos do comportamento social.

Ele considerou que o humano não pode ser representado como um autômato que calcula os prazeres (homo economia), mas deve ser concebido como um ser social com múltiplos interesses e incentivos.

Apontou a necessidade de pensar e construir uma alternativa diferente ao capitalismo liberal e ao socialismo centralizado. Para isso, ele voltou ao estudo das relações humanas em comunidades onde o dinheiro e o mercado não predominavam.

Polanyi acreditava que a teoria econômica deveria estudar os sistemas econômicos (produção, distribuição e consumo) das sociedades humanas e não apenas focar no mercado ou no sistema de preços.

Por esta razão, ele estudou a economia das civilizações antigas. Ele refletiu suas análises em vários artigos e no livro "O comércio e o mercado nos impérios antigos" (1957), escrito em conjunto com outros pesquisadores. Lá, constatou-se que a economia havia sido "embutida" ou "embutida" nas regras sociais, culturais e políticas por muito tempo.

A grande transformação

Ele escreveu o livro "A grande transformação" (1944) durante uma estada no Bennington College nos anos 1940-1943. Lá ele explicou as causas e consequências da Revolução Industrial e da ascensão do capitalismo na Inglaterra.

O sistema mercantil predominante no capitalismo liberal foi o primeiro modo de produção-distribuição que se "desengatou" e se posicionou como o regulador supremo da vida social, transformando o trabalho e a terra em apenas mais uma mercadoria.

Foram inúmeras as revoltas sociais que exigiram aumento de salários, melhores condições de trabalho, proibição do trabalho infantil, entre outras demandas. Polanyi adverte que alguns viram uma conspiração iliberal orquestrada ali, mas para ele foi simplesmente a reação social que queria conter a expansão crescente do sistema mercantil.

A ideação e construção de uma alternativa

Karl Polanyi retomou a divisão aristotélica entre economia (prevalece o valor de uso, para satisfazer as necessidades humanas) e crematística (prevalece o valor de troca, para acumular dinheiro). De acordo com essa distinção, o capitalismo liberal seria crematístico, uma vez que fez do lucro o motivo onipresente para a atividade econômica.

Ele notou a presença constante de reciprocidade e redistribuição como mecanismos de alocação de recursos baseados na confiança. Por isso, idealizou um modelo de associação entre produtores e consumidores que determinou de forma conjunta e democrática a distribuição dos recursos comuns. Embora Polanyi não tenha realizado essa alternativa, ele pode ser considerado um teórico do cooperativismo e da economia solidária.