Por que os preços dos alimentos aumentaram tanto?

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Por que os preços dos alimentos aumentaram tanto?
Por que os preços dos alimentos aumentaram tanto?
Anonim

Especialmente notável é a forma como os preços dos alimentos aumentaram. Os preços não estavam tão altos em 26 meses.

O valor dos alimentos e a evolução de seus preços é uma questão que preocupa não só os economistas, mas toda a sociedade. Esses são bens essenciais. Ou seja, bens necessários à sobrevivência do ser humano.

O relatório da FAO

Pois bem, a FAO, como organismo internacional responsável pelo combate à fome no mundo, produz relatórios mensais em que monitoriza os preços dos alimentos. Para isso, concentra-se em avaliar os custos de alimentos como cereais, produtos cárneos, açúcar, plantas das quais o óleo pode ser extraído ou laticínios.

Após observar a evolução desses alimentos, os dados indicam que os custos desses alimentos não eram tão altos desde setembro de 2017. Assim, os produtos cujo valor mais aumentou são os derivados de carne e vegetais de onde sai o óleo.

Mas e o açúcar e os laticínios? Neste caso, embora seu valor tenha aumentado, o aumento foi modesto. Nada a ver com carnes e oleaginosas, cujos preços tiveram altas de mais de 10% no período de outubro a novembro.

Já sabemos quais são os alimentos cujos preços mais aumentaram, mas quais as causas destes aumentos de preços?

China e produtos de carne

Grande parte do aumento dos preços dos produtos cárneos é explicado pelo aumento das importações da China. E o fato é que o mercado chinês tem se alimentado com as carnes de países como Argentina e Brasil. Na verdade, a China triplicou as importações desses países.

É claro que, ceteris paribus, qualquer aumento no consumo leva a um aumento nos preços. No caso chinês, essa situação é ilustrada a seguir. Se na década de 1980 uma pessoa comia cerca de 20 quilos de carne por ano, hoje um cidadão chinês consome em média 60 quilos de carne por ano.

Além do aumento do consumo de carne entre a população chinesa, devemos avaliar também outro fator específico no último mês. Trata-se das festas de fim de ano na China, que têm contribuído para aumentar a demanda por carnes. Tudo isso causou escassez nos mercados de carnes e os preços da carne suína aumentaram consideravelmente.

Também não devemos esquecer os efeitos negativos do surto de peste suína na China, que tem contribuído para o aumento do preço da carne suína. Em tal situação, os chineses não tiveram escolha a não ser abater uma grande parte de seus porcos. Diante da escassez do mercado interno, a demanda chinesa tem procurado se abastecer por meio de importações.

Embora a produção mundial de carnes tenha crescido nas últimas décadas, chegando a 330 milhões de toneladas, a demanda continua superando a oferta de carne que pode ser exportada.

Plantas oleaginosas

Outros produtos a serem observados são as plantas oleaginosas. Todos eles registraram acréscimos: soja, girassol, colza e óleo de palma.

Deve-se destacar que o óleo de palma é um elemento essencial nos biocombustíveis. A razão para o aumento de seu preço está na diminuição da produção nos países produtores enquanto a demanda continua forte.

As expectativas também ajudaram a manter alta a demanda por óleo de palma. As previsões pressagiam um cenário de escassez de óleo de palma para o próximo ano. Assim, diante das dificuldades futuras de abastecimento, muitos estão aproveitando para se abastecer de óleo de palma, gerando uma forte demanda.

O contraponto: cereais

O outro lado da moeda são os cereais. Ao contrário da carne e dos óleos, eles ficaram 1,2% mais baratos. A causa dessa queda de preço deve-se à intensa competição que ocorre no setor de cereais. Ou seja, quando há muita competição, os maiores vencedores são os consumidores. Já as empresas, em ambientes muito competitivos, buscam conquistar clientes, buscando, entre outras coisas, reduzir os preços.

Assim, fica claro que, para entender as mudanças nos preços dos alimentos, é preciso estar atento a todas as circunstâncias que afetam a oferta e a demanda. Portanto, aspectos como concorrência, externalidades ou projeções futuras devem ser levados em consideração.