Reunião do BCE: Draghi mantém seu discurso diante da desaceleração

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Reunião do BCE: Draghi mantém seu discurso diante da desaceleração
Reunião do BCE: Draghi mantém seu discurso diante da desaceleração
Anonim

Mario Draghi, durante a reunião do BCE, não comunica mudanças significativas nas políticas que serão levadas a cabo ao longo de 2019. Para o setor bancário, o Presidente apelou a novas fusões que proporcionem maior robustez ao setor.

O Banco Central Europeu (BCE), por meio de Mario Draghi, seu presidente, emitiu seu comunicado conforme planejado. O Presidente do BCE deixou os investidores com um sabor agridoce, pois as declarações que foram feitas não foram muito esclarecedoras.

Embora a reunião tenha sido curta, conseguimos extrair pequenos comprimidos da política que o BCE vai aplicar para contrariar os maus resultados que os principais indicadores macroeconómicos da Zona Euro têm produzido, bem como o abrandamento da economia alemã, o locomotiva da Europa. Alguns comprimidos que, embora não apresentem alterações significativas em relação aos extraídos em comunicações anteriores, visam combater esta situação.

Contenção em novos aumentos de taxas

Na reunião - que foi tão curta quanto confusa - o presidente do banco central alertou para os novos reajustes das taxas de juros, que continuam em 0%. Na reunião, Draghi disse que as taxas continuarão como estão até agora, porque embora novos aumentos tenham sido planejados para meados de 2019, dado o cenário econômico, o novo horizonte mínimo será adiado para o final do ano.

Por isso, o presidente anunciou que as novas altas de taxas, assim como suas datas, dependerão da evolução dos principais indicadores macroeconômicos, que já mostraram desaceleração nos últimos meses. Se tudo correr conforme o planejado, os aumentos, segundo Draghi, podem entrar em vigor no final deste ano, podendo ser adiados para 2020, se necessário.

E é que, em termos de taxas de juros, o presidente tem sido muito contundente. Entre suas intenções está não sufocar uma economia que, como vimos, não vive um de seus melhores momentos. Os números macro perdem ímpeto, enquanto as tensões do Brexit e os altos níveis de dívida pública em alguns países permanecem não reduzidos.

Portanto, para conter a desaceleração econômica, o BCE anunciou que não transferirá normalidade monetária ao sistema até que a economia reflita garantias suficientes para que a alta das taxas seja efetiva e não morra tentando. Portanto, até novo aviso, a Europa continuará com as taxas de juros em sua faixa mais baixa.

Quanto ao comércio, hoje também ouvimos a declaração de intenção do governo dos Estados Unidos de entrar em uma disputa comercial com a Europa. Disputa que foi precedida de auxílio destinado à empresa aeronáutica Airbus. Dada a irregularidade dessas ajudas, o Governo norte-americano comunicou que imporá tarifas ao comércio europeu no valor de 11 bilhões de dólares; o que também não ajuda a economia europeia.

Sem data para novo TLTRO

Quanto aos novos leilões de liquidez anunciados pelo Banco Central Europeu (BCE), alguns leilões que foram criados com o objetivo de manter condições de financiamento favoráveis ​​a consumidores e empresas. O Presidente comunicou que não há data fixa para o seu lançamento, embora, a priori, estivessem previstos para meados do ano. O motivo de uma possível postergação nesses leilões dependerá, segundo a agência, da evolução das perspectivas macroeconômicas.

Draghi garantiu que esses leilões são necessários, mas devem ser estudados antes de seu lançamento. Conforme comunicado pelo Presidente, devem ser tidos em consideração os efeitos colaterais que estes novos leilões de liquidez podem ter, bem como o seu impacto na economia e no setor bancário. Não é o momento de tomar decisões arbitrárias, por isso a agência está estudando todas as variáveis ​​que influenciam e monitorando a economia, podendo, e se antecipar, ter todas as informações necessárias até junho deste ano.

Novas fusões no setor bancário

Um dos setores mais afetados, embora isso tenha acontecido em todas as principais crises financeiras ao longo da história, é o setor financeiro. Os bancos, face à aplicação de políticas de estímulo e à queda massiva das taxas, têm sofrido uma deterioração imensa do seu rácio de rentabilidade, reduzindo os seus rendimentos aos obtidos através da intermediação de produtos financeiros e comissões bancárias.

Isso começa a frustrar as instituições financeiras, como já afirmaram os bancos alemães, que vêem seus negócios cada vez menos lucrativos, enquanto o Banco Central pretende continuar na mesma linha de taxas baixas por pelo menos mais um ano. Diante disso, durante o comunicado, os bancos aguardavam um comunicado do banqueiro central que esclarecesse o que ia acontecer com o ROE bancário e a má situação que as grandes corporações estão passando. Algumas declarações que não eram esperadas.

Apesar das demandas bancárias, o presidente tem se manifestado em favor do setor bancário, utilizando um de seus discursos mais recorrentes nos últimos anos. No discurso, Draghi insistiu, instando o setor financeiro, a realizar novas fusões de bancos, com o objetivo de tornar o setor mais robusto. Ao mesmo tempo, essas novas incorporações permitiriam aos bancos evitar, com redução do risco, a tortuosa trajetória que o mercado está percorrendo, bem como melhores garantias diante de um cenário econômico pior.

Desde o ano passado, o BCE tem sido muito enérgico nesta questão da banca. Não é a primeira vez que vimos o órgão instar os bancos a promoverem novas fusões no setor bancário. Para Draghi, o setor é muito disperso e composto por pequenas entidades, de modo que as fusões interbancárias poderiam proporcionar a maior robustez de que o setor financeiro precisa neste momento.

Um crescimento mais moderado do que o esperado

Embora o Presidente tenha falado do abrandamento que atravessa a economia da zona do euro, alertou que os riscos de recessão ainda são baixos e que, com políticas correctas, a Europa ainda pode resistir à depressão que muitos vêem no horizonte. No entanto, se você percebeu que a deterioração dos indicadores de atividade econômica é mais acentuada do que o esperado.

Como dizemos, os principais indicadores macroeconómicos registados pela União Europeia transferiram um mau gosto ao organismo, que em comunicados oficiais anunciava que a Zona Euro corria o risco de entrar num cenário recessivo, caso não fossem tomadas as decisões correctas. Além disso, o enfraquecimento experimentado pela locomotiva europeia, a Alemanha, também atraiu a atenção de Bruxelas.

Por outro lado, a economia continua imersa em uma série de riscos que agravam continuamente o contexto. Como já dissemos, o Brexit e as tensões que está gerando, bem como os níveis excessivos de endividamento em países como Itália ou Espanha, constituem vulnerabilidades para uma economia que continua a enfraquecer. Para piorar a situação, a imposição de tarifas pelos Estados Unidos, ainda não descontadas, pode agravar ainda mais a situação.

Em suma, a reunião do BCE foi bastante plana. Um encontro que muitos esperavam, mas poucos gostaram. No entanto, para extrair o mais importante, conseguimos extrair três comprimidos dessa reunião e isso pode esclarecer o que aconteceu nela: primeiro, as taxas continuarão na mesma tendência que mantêm atualmente; segundo, a economia sofrerá uma desaceleração mais forte do que o esperado; e, finalmente, em terceiro lugar, o sistema bancário deve ser consolidado por meio de novas fusões de bancos.