Possíveis alternativas para financiar um sistema público de previdência

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Possíveis alternativas para financiar um sistema público de previdência
Possíveis alternativas para financiar um sistema público de previdência
Anonim

Em muitos países, as taxas de natalidade caíram drasticamente, a tal ponto que as pirâmides populacionais foram invertidas. Em outras palavras, estamos diante de populações envelhecidas, nas quais não há reposição geracional. Tudo isso repercute no financiamento da previdência pública, pois quanto menor a população jovem, mais difícil é a obtenção de recursos para o pagamento das pensões.

Diante do problema que se coloca a vários governos, procuram não cortar as pensões, manter o poder de compra e não endurecer as condições para poderem receber uma pensão pública. Em países como a Espanha, a maior parte da receita veio de contribuições para a Previdência Social. Essas contribuições foram contribuídas por trabalhadores e empregadores, porém, a situação da Previdência Social tornou-se deficiente e o caixa da pensão está se esgotando, então é hora de começar a pensar em novas alternativas para pagar os benefícios de aposentadoria.

Impostos como fonte de financiamento

Em primeiro lugar, há quem proponha que parte do que é arrecadado em impostos gerais seja usado para pagar as pensões públicas. O que atualmente está sendo pago com as contribuições para a Previdência que constam da folha de pagamento dos trabalhadores e com as contribuições pagas pelas empresas, poderia ser substituído pelo que é arrecadado via tributos. Em qualquer caso, os governos que estão considerando esta medida se proporão a introduzi-la progressivamente. Nesse sentido, vale destacar a experiência da Austrália, onde as aposentadorias são pagas exclusivamente com impostos gerais. O valor dos benefícios de cada cidadão será determinado pelo seu nível de renda e pelo seu patrimônio.

Se anteriormente descrevemos a possibilidade de obtenção de recursos para financiar as aposentadorias por meio da alocação de uma fração dos impostos gerais, outra opção é a criação de um imposto específico que tem por objetivo a captação de recursos para a previdência pública. Este tipo de imposto incidiria sobre os bens e rendimentos mais elevados, embora também haja quem acredite que poderia ter um impacto negativo nas classes médias e que conduziria a uma distribuição desigual da carga fiscal.

Contribuições para a segurança social

Você também pode agir com base na contribuição. Em Espanha, a base de contribuição máxima situa-se nos 3.642 euros. Isto significa que valores recebidos acima do limite máximo de 3.642 euros não contribuirão para a Segurança Social. Porém, se esses valores fossem negociados, eles poderiam aumentar a arrecadação. No entanto, essa opção também tem a desvantagem de que a Previdência Social deve pagar benefícios mais elevados nos próximos anos.

Outra medida mais direta seria aumentar os preços. Empregados e empregadores devem enfrentar maiores obrigações para com a Previdência Social. De notar que em Espanha os empregadores contribuem com até 83% das contribuições para a Segurança Social. Pois é, os empresários têm sido contra esse tipo de proposta. Quanto maiores são os encargos que as empresas têm de enfrentar, menor é o incentivo para que os empresários invistam e criem empregos.

Créditos, idade de aposentadoria e mudanças no modelo de trabalho

Pedir financiamento aos bancos ou a emissão de dívida pública para financiar as pensões são também opções que as administrações têm sobre a mesa. Já em 1996 o Governo de Espanha solicitou um empréstimo de 3.000 milhões de euros, justamente quando a Segurança Social se encontrava numa situação muito delicada.

Em relação ao emprego, a tendência em muitos países tem sido apostar em modelos de flexibilidade trabalhista que facilitem as reduções salariais. O emprego temporário também é outra desvantagem quando se trata de pagar as despesas da Previdência Social. Por isso, há quem aposte em uma mudança profunda no mercado de trabalho, apostando em aumentos salariais que aumentem as contribuições para a Previdência Social e também estimulando contratações mais estáveis. Tudo isso implicaria em mudanças importantes na legislação trabalhista.

O aumento da idade de aposentadoria tem sido uma proposta que muitas instituições colocaram sobre a mesa. Quanto maior o número de anos trabalhados, maiores são as contribuições, mas acarreta alguns inconvenientes. Em certas profissões, dependendo do desgaste físico gerado pelo trabalho, não seria recomendado, uma vez que os trabalhadores, a partir de certa idade, não seriam tão eficientes no desenvolvimento de suas funções. Muitos respondem que, em vez de atrasar a idade da reforma, devemos optar por inserir no mercado de trabalho o setor da população jovem que continua desempregada. Como exemplo de sistema previdenciário comprometido com o aumento da idade de aposentadoria, encontramos o caso da França. Assim, em terras gaulesas, para receber a pensão integral, o período de contribuição foi aumentado de 35 para 41 anos, ao mesmo tempo que foram aprovadas medidas para postergar a idade de aposentadoria e reduzir os coeficientes para penalizar os aposentados antecipadamente. Ao contrário, quem adia a aposentadoria é recompensado com coeficientes de bônus.

Outras experiências

Um modelo que muitos defendem é combinar benefícios públicos com poupança privada. Isso acontece em países como a Dinamarca, onde os empregadores pagam baixas contribuições para a Previdência Social e uma mísera pensão pública é complementada pelas contribuições que são feitas a um plano privado ao longo de sua vida profissional.

O sistema de pensões de Cingapura é particularmente impressionante. O pequeno e próspero estado do Sudeste Asiático tem um modelo em que o trabalhador tem três contas para fazer contribuições: uma para questões médicas, a segunda para aposentadoria e a terceira para questões como moradia ou estudos. As contribuições para essas contas são pagas pelo empregado e pelo empregador. No entanto, será o trabalhador que decidirá como configurar os saldos das diferentes contas.