Coronavírus: onde uns vêem perdas, outros ganham

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Anonim

A situação do Coronavirus fez os mercados e investidores tremerem. Também ao setor de turismo, que registra previsões muito pessimistas. No entanto, nem todos são perdas nesta crise.

O Coronavirus continua a espalhar sua presença no mundo. Com o passar dos dias, as manchetes que informam sobre novas infecções se multiplicam nos principais jornais de todos os países. Situação que, apesar da contenção, preocupa a sociedade civil. A ignorância e a crescente incerteza estão semeando o pânico em certas áreas geográficas, onde o Coronavirus cresceu exponencialmente nas últimas semanas.

A Itália, por exemplo, foi um desses países a que nos referimos. Os casos de coronavírus no país, em questão de semanas, passaram de 200 para mais de 2.000. Esta situação, onde os casos não param de acontecer, impede a calma da sociedade civil italiana. As mortes no país, que não param de se acumular com o passar dos dias, já mostram um número notável. Uma situação agravada pelo infortúnio da perda de vidas humanas.

Tal é a situação em que os cidadãos vivem reclusos em suas casas, procurando evitar qualquer possível situação de risco, evitando assim a possível fonte de contágio. Algo que também impactou a ação do governo, pois já existem vários eventos cancelados no país, desde o carnaval de Veneza -tão importante para a cidade-, além de feiras do setor na capital, Roma .

A intenção do governo com isso nada mais é do que evitar, como fez o governo chinês, uma nova expansão da situação viral no país. Desta forma, a exemplo do que foi feito na China, foram implantados métodos preventivos com foco na neutralização de qualquer evento ou atividade que possa causar grande aglomeração de pessoas, evitando a comemoração e o fator de risco. Situação que, no caso da China, se intensificou, confinando as pessoas em suas casas.

Um grande impacto na economia

Diante de tal situação, o Coronavirus se tornou, não apenas uma ameaça à saúde, mas, por sua vez, uma ameaça à economia. A Organização Mundial do Turismo das Nações Unidas (OMT) já calcula que as perdas no setor podem chegar a 70 bilhões de dólares, dada a paralisação que a atividade turística vive no momento.

Tenha muito cuidado com isso, já que se trata de 10,4% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, além do maior gerador de empregos do planeta, sendo responsável por 20% de todo o emprego gerado na última década.

Por sua vez, a International Air Transport Association (IATA) já demonstrou sua preocupação com o setor que representa. As perdas aproximadas para o setor aéreo, onde as viagens turísticas e de negócios sofrem uma carência considerável, são quantificadas em uma faixa que oscila entre 63 bilhões de dólares, se a situação pudesse ser contida e paralisada, e 113 bilhões de dólares, em um cenário em que a situação continua a se expandir e expandir as áreas afetadas.

Isso no setor, por exemplo, fez com que os voos, diante de um cenário como esse de repetidos cancelamentos, tivessem sofrido uma queda brusca de preços. E, se olharmos para os preços oferecidos pelas diferentes companhias aéreas no momento, podemos ver reduções no preço das passagens que variam de 15% a 50%, em alguns casos. Descontos precedidos daquela enxurrada de cancelamentos que até obrigou as companhias aéreas a oferecerem a mudança de data totalmente gratuita, sendo a própria companhia aérea a absorver essas despesas.

Falência da primeira companhia aérea

Apesar disso, esta situação não é uma situação que todas as companhias aéreas podem enfrentar. Se tomarmos como exemplo o caso da Flybe, a maior companhia aérea doméstica (regional) da Europa, a situação tornou-se caótica. É a tal ponto que, considerando que já vivia problemas no seu modelo de negócio, o Coronavirus foi o gatilho que, juntamente com a recusa de socorro por parte do Governo britânico, motivou a declaração de falência da companhia aérea.

Como mencionamos, uma situação que já afetou a economia, e não de forma moderada. No setor industrial e comercial, por exemplo, as perdas também são muito notáveis. Em termos de comércio internacional, a Organização Mundial do Comércio (OMC) já anunciou que a paralisação da atividade comercial e dos fluxos de comércio entre os diferentes países teve um impacto direto de 50 bilhões de dólares. Um valor que representa toda aquela mercadoria que deixou de ser comercializada diante da situação.

Mas não é só comércio. Bem, por outro lado, a indústria também experimentou uma paralisação preocupante. A atividade econômica, dada a incapacidade da China de fabricar, tem causado uma grande parada no setor. Muitos dos bens intermediários fabricados no mundo são fabricados pela economia asiática. Situação em que, face à paralisação de um dos primeiros e principais elos da cadeia de valor, tem provocado uma queda acentuada da atividade económica, atingindo assim a economia no seu todo.

Mas nem tudo é perda

Apesar da situação, o cenário, embora represente um entrave à economia e à sociedade, não tem sido tão ruim para alguns setores. E o fato é que existe um ditado na Espanha que diz “não chove para todos os gostos”. É precisamente disso que estamos a falar, porque em situações infelizes, como sabemos, existem empresas que podem ser favorecidas. Tão favorecidos que até melhoram seus resultados em relação aos meses anteriores.

E, se analisarmos a situação, podemos perceber como os produtos de higiene doméstica, máscaras, medicamentos, fármacos, têm tido grande procura em todos os países onde o Coronavírus está cada vez mais presente. Tal é a situação que, em alguns países, os cidadãos estão armazenando medicamentos e estocando suprimentos médicos, como máscaras ou produtos desinfetantes para lavar as mãos, em farmácias e supermercados.

Situação em que, em certos cenários como na Espanha, chegamos a observar situações em que os próprios profissionais de saúde dos hospitais furtaram indevidamente máscaras e outros produtos para distribuí-los entre seus próprios vizinhos. Um cenário anedótico que mostra a preocupação da sociedade civil, bem como os limites que certas pessoas estão alcançando para evitar o temido contágio. Por seu turno, em França, face ao aumento exponencial dos preços do gel desinfectante, foi decretado um preço máximo de 3 euros.

Aumento nas vendas de máscaras, luvas e gel higienizante

Mas como eu ia dizendo, essa situação, em momentos como o atual, representa uma grande oportunidade de negócios para alguns setores. Entre eles, o farmacêutico e a saúde. Se olharmos o caso dos desinfetantes para as mãos, a venda desse tipo de produto nos Estados Unidos teve um aumento de 70% em relação ao mês anterior. No Reino Unido, onde é ainda mais consumido, a venda de desinfetantes teve um crescimento de 255%. Como podemos ver, a figura gera até vertigem.

As empresas de luvas e máscaras também tiveram um grande crescimento. A venda de máscaras nos diversos países europeus tem aumentado tanto que tem causado, como dissemos, a escassez total deste tipo de produtos em países como Itália ou China. Isso, conseqüentemente, tem desencadeado o faturamento das fabricantes, que têm registrado benefícios históricos, tanto para a empresa quanto para o próprio setor.

Por fim, empresas ligadas ao setor de streaming, comércio eletrônico, bem como outros serviços tão característicos como o ensino infantil teleático, têm experimentado grande crescimento em seus valores em bolsa. Crescimentos que estão relacionados à situação, pois justamente desde a expansão do Coronavírus, os mercados não deixaram de colher quedas bruscas em seus índices, registrando quedas que não haviam sido registradas nem mesmo em meio à Segunda Guerra Mundial.

Essas empresas a que nos referimos são empresas como YouTube, Netflix, Amazon, bem como todas as empresas relacionadas ao setor farmacêutico.