Crise bancária - O que é, definição e conceito - 2021

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Crise bancária - O que é, definição e conceito - 2021
Crise bancária - O que é, definição e conceito - 2021
Anonim

Uma crise bancária é a situação em que um ou mais bancos de um país ou região sofrem graves problemas de iliquidez ou insolvência ao mesmo tempo.

Para compreender o fenômeno das crises bancárias, é necessário conhecer previamente a estrutura do balanço de um banco. As características mais relevantes a esse respeito são:

  • Alto nível de alavancagem: Os proprietários colocaram apenas uma pequena proporção do dinheiro necessário para administrar o banco. O restante é financiado com recursos externos.
  • Incompatibilidade de prazo: Investimentos em ativos de longo prazo (empréstimos, hipotecas, etc.) financiados no curto prazo (depósitos à vista, depósitos a prazo, empréstimos de curto prazo, etc.)

Os dois principais problemas que caracterizam uma crise bancária são a insolvência e a iliquidez. Embora geralmente sejam altamente relacionados, eles devem ser distinguidos.

A insolvência é causada pela deterioração do valor dos ativos do banco, de tal forma que é impossível cumprir as suas obrigações contratuais. Por outras palavras, se as perdas sofridas pela entidade forem superiores aos seus próprios fundos, não poderá devolver o dinheiro que os seus credores lhe emprestaram. Isso pode acontecer por vários motivos. Os principais são os índices de inadimplência acima do esperado e a queda no valor dos demais ativos de que o banco dispõe.

A crise de liquidez ocorre quando os bancos enfrentam muitos passivos a vencer sem ter caixa suficiente ou outros ativos líquidos para satisfazê-los. Isso pode acontecer se muitos depositantes decidirem retirar seus depósitos ao mesmo tempo ou se o banco não puder refinanciar sua dívida de curto prazo. Em princípio, pode-se pensar que a iliquidez por si só não deve levar um banco à falência, uma vez que, se a entidade for solvente, com uma taxa de juros adequada, ela poderá se refinanciar para fazer frente aos pagamentos.

Na realidade, ambos os problemas costumam andar de mãos dadas. A confiança é um dos pilares básicos do sistema bancário de reservas fracionárias, razão pela qual as crises de liquidez são freqüentemente causadas por crises de solvência (percebidas ou suspeitas). Em outras palavras, quando depositantes ou credores de uma entidade suspeitarem que pode haver um problema de solvência, eles tentarão obter o dinheiro que lhes foi confiado o mais rápido possível para não sofrerem perdas. Se todos os indivíduos agirem da mesma forma, haverá uma corrida ao banco e o banco poderá falir. Por outro lado, existe também a possibilidade de que ocorra o contrário, ou seja, em função de problemas de liquidez, o banco seja forçado a liquidar ativos ilíquidos, fazendo com que seu preço caia, causando finalmente a insolvência.

Causas de uma crise bancária

Já vimos quais são as duas razões pelas quais ocorrem as crises bancárias, mas como chegamos a essa situação? Não há consenso entre os economistas sobre os comportamentos que explicam o início dessas crises, por isso vamos apresentar algumas das teorias mais aceitas:

Macroeconômico

Fatores macroeconômicos são considerados por muitos como o principal motivo de uma crise bancária. Isso ocorre porque os gatilhos para a falência de bancos são geralmente algum tipo de combinação de fenômenos macroeconômicos, como o início de uma recessão, quedas na taxa de câmbio, aumentos bruscos nas taxas de juros, etc. Esses fatores “macro” podem fazer com que o valor dos ativos bancários caia, levando a uma possível situação de insolvência. A isso teríamos que somar as possíveis retiradas maciças de depósitos por desconfiança dos poupadores, aumentando o problema do lado da liquidez.

Em princípio, tanto os gestores quanto os reguladores e supervisores devem levar em consideração a possibilidade de ocorrência desses eventos e preparar as instituições para lidar com eles. Porém, na realidade isso acaba sendo muito complicado por dois motivos. Em primeiro lugar, a maioria dos eventos que ocorrem na economia não segue uma distribuição normal, nem pode ser totalmente determinada por informações anteriores, portanto, o uso de dados históricos para proteger entidades de eventos extremos não é totalmente válido. Por outro lado, a proteção excessiva contra esses tipos de eventos adversos pode reduzir drasticamente a lucratividade em tempos de bonança, deixando administradores e acionistas impacientes.

Microeconomia

As seguintes causas se concentram em dar sentido aos eventos a partir da análise das partes que interagem nas entidades:

A) Regulação e supervisão

Para muitos economistas, a desregulamentação, acompanhada de supervisão deficiente, pode ter consequências devastadoras para o sistema bancário. Essa explicação entende que, na ausência de uma regulação adequada, os agentes econômicos tendem a se comportar de forma imprudente, assumindo riscos exacerbados.

B) Normas de Contabilidade

As normas contábeis raramente são consideradas a única ou a principal causa de uma crise bancária, no entanto, muitas vezes são responsáveis ​​por ocultar e atrasar os problemas de solvência e liquidez nas entidades. Mais especificamente, a responsabilidade neste sentido é atribuída à aceitação de novas normas contabilísticas que abandonam o princípio tradicional da prudência, substituindo-o pelo princípio do justo valor na estimativa do valor dos ativos de balanço, nomeadamente financeiros.

C) Interferência do governo

Em algumas ocasiões, os governos pressionaram os bancos a conceder empréstimos a certos clientes com taxas de juros preferenciais. É por isso que alguns veem esse tipo de comportamento como uma intensificação ou aceleração das crises bancárias.

D) Risco moral e privilégios bancários

Outra das possíveis causas mencionadas de uma crise bancária reside no comportamento dos bancos em consequência dos privilégios concedidos pelo Estado. Primeiro, graças ao banco central, os bancos garantem que seu fluxo de refinanciamento não seja interrompido no curto prazo. Por outro lado, historicamente, os governos também resgataram os credores das entidades com dinheiro público. É por isso que, quando existe uma expectativa generalizada de que nenhum banco terá permissão para falir, ou se o apoio financeiro em tempos difíceis for muito fácil de obter tanto para os bancos quanto para seus depositantes, surge o chamado risco moral. O sistema assimétrico de recompensa que ele gera para os banqueiros (se der certo, ganho muito; se der errado, não perco muito) pode estimular a tomada de riscos excessivos.

Estratégia e operações bancárias

Em muitos casos, os problemas bancários podem ser causados ​​por erros em sua própria estratégia ou falhas operacionais. Algumas das falhas operacionais mais comuns são a má avaliação dos empréstimos concedidos, exposição excessiva a taxas de juros ou de câmbio, concentração de empréstimos e empréstimos relacionados, etc.

Fraude

A fraude também foi a causa de várias falências de grandes bancos, algumas das quais culminaram em graves crises bancárias. A alta alavancagem dos bancos significa que mesmo incidentes de fraude relativamente pequenos podem causar insolvência. Alguns exemplos famosos de comportamento bancário fraudulento são a Venezuela em 1994 e a República Dominicana em 2003.

Consequências de uma crise bancária

A primeira consequência das crises bancárias é geralmente uma crise de crédito. Quando os bancos não têm liquidez para investir, as empresas que dependem desses empréstimos têm dificuldade em obter o capital necessário para realizar suas operações.

Isso enfraquece o sistema econômico geral, tanto no curto quanto no longo prazo. A queda da liquidez e do investimento aumenta o desemprego, reduz as receitas fiscais do governo e reduz a confiança do investidor e do consumidor (prejudicando os mercados de ações, que por sua vez limita o acesso das empresas ao capital).

Por outro lado, as crises bancárias costumam ter consequências significativas para os poupadores e contribuintes de um país. Isso ocorre porque as ações do governo que tentam salvar o setor financeiro geralmente envolvem transferências de riqueza dos contribuintes para os bancos e dos poupadores para os credores. Por exemplo, as recapitalizações de bancos insolventes constituem uma transferência de riqueza dos contribuintes para os bancos, e o alívio generalizado da dívida por meio da inflação ou da desvalorização da moeda constitui uma transferência dos custos da crise para os credores nominais.