Venezuela e Colômbia posicionam-se nos dois lados da fronteira

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Venezuela e Colômbia posicionam-se nos dois lados da fronteira
Venezuela e Colômbia posicionam-se nos dois lados da fronteira
Anonim

A declarada crise humanitária, a deportação de milhares de colombianos, o estado de emergência, a guerra contra os criminosos e as próximas eleições na Venezuela são alguns dos ingredientes que compõem a disputa entre os dois países latino-americanos.

O incidente em que três soldados venezuelanos ficaram feridos e um civil em confronto com supostos contrabandistas em uma área de fronteira com a Colômbia mais uma vez prejudicou a relação entre os dois países e, como consequência, já se acertou com centenas de colombianos deportados que se somam aos anteriores.

Segundo dados do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), mais de 1.100 colombianos que vivem na Venezuela foram deportados e pelo menos 4.200 deixaram suas casas por medo de serem expulsos. Esses resultados são o produto de a Operação para a Libertação e Proteção do Povo (OLP), uma recente campanha da polícia venezuelana que visa acabar com as gangues criminosas.

A este respeito, é importante lembrar que os preços baixos da gasolina e de alguns produtos levaram -especialmente durante a última década- à proliferação de contrabandistas na fronteira de 2.200 quilômetros que as duas nações compartilham. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, garante a este respeito que grupos paramilitares colombianos viajam regularmente à Venezuela, gerando caos e carências para desestabilizar a "revolução".

Sob essa suposta premissa, a campanha anti-contrabando do governo venezuelano começou há um ano, quando a fronteira foi fechada à noite e dezenas de colombianos começaram a ser deportados. Situação que atualmente se encontra encerrada em estado de exceção para vários municípios do estado de Táchira (Venezuela) e com o fechamento da fronteira “até segunda ordem”, de acordo com as próprias palavras de Maduro. Na sua opinião, até que termine na Colômbia a venda de produtos contrabandeados da Venezuela e cesse o que considera atentados contra a moeda do país.

Colombianos e venezuelanos afetados igualmente

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, criticou esta decisão, garantindo que a medida é injustificada e que afeta os habitantes de ambos os lados da fronteira sem resolver o problema do contrabando. O presidente, porém, insiste em que os dois governos trabalhem juntos. “Se cooperarmos, só perdem os bandidos, mas se a fronteira for fechada e não houver coordenação, só ganham esses mesmos bandidos”, ressalta Santos.

No entanto, o prefeito da cidade do departamento de Norte de Santander (Colômbia), Donamaris Ramírez, apresentará perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA (Organização dos Estados Americanos) uma reclamação contra Maduro e outros membros e instituições do Estado venezuelano pelo que ele considera "crimes contra a humanidade".

Da mesma forma, a principal coalizão de oposição venezuelana, A Mesa da Unidade Democrática, mostrou que as medidas na fronteira visam "justificar a suspensão das eleições parlamentares", que se realizarão no dia 6 de dezembro, e ao qual o governo chega prejudicado tanto pela crise e alta da inflação, quanto pela escassez e escassez de produtos.