Crise, Itália na corda bamba

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Crise, Itália na corda bamba
Crise, Itália na corda bamba
Anonim

Nuvens negras estão se formando sobre a Itália. Há quem fale mesmo de uma possível saída da Itália do euro. O país transalpino enfrenta um grande dilema: apostar no crescimento ou respeitar os compromissos com Bruxelas e seguir no caminho da redução do déficit.

Se nos últimos anos os países da União Europeia têm crescido economicamente, a situação atual na Itália parece colocar em risco o bom desempenho da economia europeia.

Fundo

No entanto, os problemas pelos quais a Itália está passando não são novos. A economia italiana sofre dos mesmos males há muito tempo. A baixa produtividade levou a um fraco crescimento econômico e, quando ocorreram crises econômicas, a solução usual foi recorrer à desvalorização da lira italiana.

Por isso, muitos eurocépticos na Itália falam de uma saída do euro. Ainda se lembram dos tempos em que, graças à desvalorização da lira, foi possível voltar ao caminho do crescimento econômico. No entanto, com o euro, nem tudo foi uma desvantagem para a Itália. Graças à moeda única, a Itália desfrutou de baixa inflação e baixas taxas de juros. Por outro lado, desvalorizar a moeda nem sempre é a melhor solução, uma vez que, apesar dos estímulos pontuais, reformas estruturais foram necessárias para melhorar a produtividade no longo prazo.

Itália, uma economia altamente endividada

Bem, neste contexto, a Itália enfrenta um crescimento econômico abaixo da média europeia. Estamos falando de 1,5% italiano contra 2,5% europeu. Para piorar a situação, a Itália enfrenta um endividamento muito elevado, que representa, em 2018, 132% do seu Produto Interno Bruto. Tudo isso coloca a Itália como o país europeu com o maior nível de dívida pública, depois da Grécia.

De referir que a Itália, com um Produto Interno Bruto de 1,7 biliões de euros, é a terceira maior economia da zona euro. O problema é que sua dívida é de 2,2 trilhões de euros. Isso significa que a dívida absorve um volume muito importante de gastos públicos.

Se, em princípio, a Itália e a Comissão Europeia concordassem com um déficit público de 0,8%, os orçamentos apresentados pelo governo italiano deixariam o déficit em 2,4%. Assim, diante das autoridades europeias, que defendem a redução do déficit, o governo italiano pretende afrouxar a meta do déficit para tentar alcançar maior crescimento econômico.

A Europa está enfatizando o cumprimento do Pacto de Estabilidade e Crescimento. Recorde-se que o Pacto de Estabilidade e Crescimento tem como objectivos a convergência das economias europeias e finanças públicas sólidas. Entre outras coisas, esse acordo estabelece que o déficit fiscal não deve ultrapassar 3% do Produto Interno Bruto. Às vezes, alguns países foram autorizados a relaxar a meta de redução do déficit. Não é o caso da Itália, que não tem facilidades nesse sentido. Além disso, o déficit proposto pelo governo italiano é de 2,4%, ficando fora da aplicação dos procedimentos europeus devido ao déficit excessivo.

O grande dilema

A experiência de países como Japão e Bélgica mostra que a melhor forma de reduzir um alto nível de dívida pública (como é o caso da Itália) é por meio do crescimento econômico sustentado ao longo do tempo. Por isso, o governo italiano propõe um plano de estímulo à economia. E como de costume, qualquer estímulo à economia costuma levar a um aumento do déficit público. Para o efeito, o governo italiano propõe rendimentos para os desempregados, incentivos fiscais às empresas que contratem trabalhadores e um ambicioso plano de investimento de 15 mil milhões de euros para a modernização das infraestruturas.

No entanto, o incumprimento das regras do défice implica o pagamento de taxas de juro mais elevadas. Os que defendem a disciplina orçamental temem que a Itália possa entrar numa espiral perigosa entre o aumento dos défices e os juros da dívida. Os mais pessimistas consideram que o não cumprimento das regras orçamentais pode levar a um aumento desproporcional das taxas de juro, à saída do euro da Itália e, ainda por cima, ao empobrecimento da cidadania italiana.

O que está claro é que a economia italiana precisa enfrentar reformas de longo prazo. É preciso integrar as mulheres e os jovens ao mercado de trabalho e aumentar a produtividade. O problema é que, com a realização de reformas estruturais, o crescimento de curto prazo sofre.