O Grande Salto para a Frente foi um programa econômico e social do Partido Comunista Chinês (PCC).
As políticas do Grande Salto para Frente foram realizadas a partir de 1958 e encerradas em 1962, contribuindo para o desencadeamento da Grande Fome Chinesa. Um dos piores episódios de fome, pobreza e barbárie da história da humanidade. Devido à grande opacidade com que o regime chinês me trata, não é possível ter um número exato de pessoas que morreram nesse período. As estimativas variam de 10 a 45 milhões de pessoas.
Antecedentes: Primeiro Plano Quinquenal
O primeiro plano quinquenal, entre 1953 e 1957, foi desenvolvido na China para promover o modelo de desenvolvimento centralizado da União Soviética (URSS). Este plano é realizado durante a Guerra Fria, muitos países não reconheceram o novo governo chinês por sua ideologia. Este período gerou uma grande reaproximação entre os dois partidos comunistas. Eles fortaleceram suas relações desde o início da República Popular da China (RPC) com o Tratado Sino-Soviético de Amizade, Aliança e Assistência Mútua.
A recém-formada RPC, promoveu a participação do Estado no processo produtivo. Nacionalizou as indústrias privadas, com especial empenho na exploração da mão-de-obra rural. Estabelecendo a propriedade coletiva neste período, em substituição à propriedade privada. Planos de infraestrutura também foram realizados entre as duas nações.
Mais tarde, no final dos anos 1950, as relações sino-soviéticas começaram a declinar. Isso ocorre por causa das diferenças no curso do comunismo mundial entre os líderes. Finalmente, o líder chinês decide realizar um plano mais ambicioso para superar seu homólogo soviético.
O Grande Salto em Frente: Segundo Plano Quinquenal
Com o rompimento das relações com a URSS, o PCC aprova o novo plano quinquenal promovido por seu líder, Mao Zedong. Declarou que o seu principal objetivo era tentar avançar nos métodos de trabalho para se adaptar às necessidades das condições políticas em mudança.
As diretrizes e objetivos do plano são desenvolvidos nos Sessenta Artigos sobre Métodos de Trabalho (1958). Onde foi estabelecido que os três métodos importantes eram: planejamento geral, inspeção periódica e análises e comparações anuais.
Com o novo plano implementado, fortes controles foram colocados em prática sobre os agricultores. Eles foram forçados a trabalhar incansavelmente sob a vigilância do Exército Vermelho. Posteriormente, saber-se-ia que aqueles que desobedeciam às regras, por vontade ou condições físicas, eram submetidos a atos cruéis de tortura.
No entanto, a ambição do PCC o levou a estabelecer metas muito ambiciosas e sem bases na economia chinesa à época. Promoveu-se a produção artesanal de ferro e aço. O que fez com que muitos camponeses abandonassem a produção agrícola para ingressar na campanha. A criação de represas para cultivo e controle de pragas também foi incentivada.
Os prazos dessas obras eram muito curtos, o que dificultava a execução de um trabalho ineficiente para o cumprimento dos prazos do PCC. Os camponeses deixaram suas terras em épocas importantes de colheita. A infraestrutura de irrigação ineficiente causou inundações nas plantações. O controle de pragas não considerou o equilíbrio do ecossistema e surgiram novos, devido à ausência de predadores.
Consequências das medidas
No final das contas, o programa econômico do Grande Salto para a Frente foi um fracasso. Durante este período de políticas econômicas ruins, ocorre a Grande Fome. Alguns historiadores atribuem, como uma das causas, o abandono da atividade agrícola. Isso, devido à necessidade do PCC de aumentar a produção de ferro e aço. Da mesma forma, a produção desses minerais era deficiente devido à sua baixa qualidade. Estes foram tratados em ambientes artesanais negligenciados, tornando uma parte significativa da produção inútil, até 20%.
Algumas estimativas apontam para uma redução de 24,3% na produção de grãos, 51,2% na produção de algodão, 57,1% na produção de óleo vegetal e 28,8% na pecuária. Isso no período entre 1957 e 1961. Além disso, o trabalho indevido deve ser contabilizado. O aumento da inflação devido à oferta de moeda e à escassez de bens essenciais.