Todos os olhos estão voltados para o Federal Reserve dos Estados Unidos e seu presidente, Jerome Powell. Pela primeira vez desde a eclosão da crise de 2008, o Federal Reserve baixou as taxas de juros, que ficarão na faixa de 2% a 2,25%. Com essa medida, o Federal Reserve visa proteger os Estados Unidos de uma possível recessão.
Na mesa dos responsáveis pelo Federal Reserve havia várias perguntas. Que ameaças a desaceleração da economia mundial representa? Devemos estimular a inflação? Devemos dar um impulso ao mercado de trabalho?
Um horizonte marcado pela incerteza
A decisão do Federal Reserve de cortar as taxas de juros em um quarto de ponto representa uma mudança de 180 graus na política monetária dos Estados Unidos. Se o Federal Reserve, com Jerome Powell à frente, corta o preço do dinheiro, é porque busca impulsionar a expansão da economia. E a guerra comercial parece ter moderado o crescimento econômico, razão pela qual medidas de estímulo são necessárias para evitar a queda na recessão.
Por enquanto, o corte da taxa de juros é entendido como um reajuste, como um estímulo pontual. Seguindo o raciocínio do Federal Reserve, constatamos que a queda das taxas de juros responde à desaceleração econômica e ao baixo nível de inflação. É claro que, com a inflação baixa, não faria sentido continuar aumentando as taxas de juros. No entanto, a dúvida paira sobre muitos se as circunstâncias econômicas levarão a novos cortes nas taxas de juros.
A decisão do Federal Reserve
Com o corte das taxas de juros, rompeu-se a tendência de alta das taxas de juros que o Federal Reserve iniciou em 2015. Aquele ano significou o fim das taxas de juros em 0%. Com a economia dos EUA cada vez mais forte, crescendo a 2,9% e os preços subindo, era hora de aumentar as taxas de juros. Houve até quem previsse que, no longo prazo, as taxas de juros chegariam a 5%. As taxas de juros eram esperadas em 3% em 2019.
No entanto, as perspectivas são muito diferentes em 2019, à medida que o crescimento econômico desacelera e há alguma incerteza no horizonte econômico. Entre essas incertezas está a saída do Reino Unido da União Europeia e a queda do crescimento econômico da China e da Europa. Além disso, é bem possível que o Banco Central Europeu aposte em breve numa política de flexibilidade monetária. Se somarmos a isso a baixa inflação nos Estados Unidos, encontramos outro argumento que justifica a recente decisão do Federal Reserve.
Não seria a primeira vez que o Federal Reserve faz uma mudança em sua política de taxas de juros. Já entre 1995 e 1998, medidas muito semelhantes foram tomadas para tentar evitar uma recessão econômica.
Estimular a inflação
Por outro lado, a taxa de desemprego da América é a mais baixa em cinquenta anos. No entanto, o aumento do nível de emprego não parece ter se traduzido em aumento da inflação. Parece nesta ocasião que o bom estado de saúde da economia norte-americana não se traduz em aumento dos custos da mão-de-obra que, posteriormente, é repassado ao consumidor através do aumento dos preços. Por isso, o Federal Reserve é favorável ao corte das taxas de juros, tudo com o objetivo de impulsionar a economia e a inflação.
Em relação à decisão do Federal Reserve, não devemos esquecer a pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Dessa forma, o dólar norte-americano tem se valorizado em função do bom momento que atravessa a economia norte-americana e das guerras comerciais. As razões apresentadas por Trump são que o Banco Central Europeu estava aplicando políticas para desvalorizar o euro, então o Federal Reserve teve que agir na mesma linha.
Apesar da pressão de Trump, os motivos que pesaram na decisão do Federal Reserve são claros: para se proteger contra a possibilidade de uma recessão e para impulsionar a inflação.