Teoria da distribuição clássica

Índice:

Anonim

A teoria clássica da distribuição é baseada na teoria clássica do valor, para explicar como o produto total de uma economia é distribuído entre trabalhadores (salários), capitalistas (lucros) e proprietários de terras (renda).

Em primeiro lugar, deve-se notar que neste artigo não incluímos Karl Marx como membro da economia clássica, porque ele foi um crítico da economia clássica, cujos principais expoentes foram Adam Smith e David Ricardo. Marx fundou outra corrente de pensamento: o marximo, que seria a base teórica do socialismo.

Remunerações

De acordo com Smith

Na sociedade primitiva, o produto do trabalhador constitui o seu salário, como uma recompensa natural pelo seu esforço físico e intelectual.

Na sociedade primitiva, não havia empregadores com quem compartilhar o produto desse trabalho. Mas na sociedade capitalista estão envolvidos tanto os donos do trabalho quanto os donos da terra e os donos do capital (instrumentos de trabalho e máquinas).

Portanto, a produção total deve ser distribuída entre esses três segmentos da população. Os trabalhadores são remunerados com salários, os proprietários de terras com aluguel e os proprietários de capital com lucros.

Como os trabalhadores perderam autonomia na produção, não recebem parte do excedente. Eles são vistos como mais um insumo, mais um custo. Esse custo é o que chamamos de salário.

Smith mostra que a determinação do salário se dá por meio de um processo de negociação entre empregadores e trabalhadores. E nesse confronto, os patrões ganham porque têm maior poder econômico. A necessidade que o empregador tem do trabalhador não é tão grande quanto aquela que o trabalhador tem do empregador.

Assim, para Smith o salário não é determinado pelo trabalho incorporado, mas pela negociação entre os trabalhadores e os empregadores

Segundo Ricardo

O preço natural do trabalho é o custo da cesta básica de alimentos e produtos necessários à subsistência e perpetuação dos trabalhadores.

Assim, o aumento da massa salarial dependerá do aumento do preço da cesta básica. Essa cesta é influenciada por fatores históricos, sociais e morais. Assim, o preço pode variar ao longo do tempo e principalmente de um país para outro.

Assim como Smith, Ricardo destacou que o excedente não remunera os trabalhadores, já que os salários fazem parte do consumo produtivo. O salário é entendido como uma obrigação dos capitalistas de sustentar quem trabalha e se dedica à fabricação de mercadorias.

Se o trabalho fosse produzido graças à divisão do trabalho, poderia ser aplicada a teoria clássica do valor, que determina os preços dos bens a partir do trabalho, da terra e do capital envolvidos em sua produção. No entanto, o trabalho não é produzido com trabalho, terra e capital (a menos que seja trabalho escravo).

Para sair dessa complicação, Ricardo volta a afirmar que o valor do trabalho depende da quantidade de trabalho necessária para produzir a subsistência dos trabalhadores. Assim, para Ricardo o salário não é determinado pela oferta e demanda de trabalho, mas pelo preço de subsistência.

Lucros

De acordo com Smith

O lucro é a porcentagem do produto líquido que corresponde aos proprietários do capital. Capital é o valor de mercado ou preço dos insumos usados ​​na produção.

Os donos do capital merecem remuneração por sua ousadia em investir parte de sua riqueza e, assim, empregar outras pessoas para produzir, transportar e vender mercadorias. No entanto, Smith deixa claro que o lucro não é uma espécie de salário que remunera o trabalho da administração, mas corresponde inteiramente ao montante de capital envolvido na produção.

Para Smith, a taxa de lucro (outra forma de chamar lucros) é dada pela abundância de capital. Em lugares ou atividades onde há pouco capital, a taxa de lucro é mais alta; e onde há muito capital, a taxa é menor.

Segundo Ricardo

O lucro é a remuneração do capitalista que possui as ferramentas e maquinários necessários para que o trabalho seja eficaz. O capitalista quer vender seus produtos e reinvestir o lucro para repor seu capital e aumentá-lo para produzir mais e seguir uma dinâmica de acumulação contínua.

Ao contrário dos proprietários de terras, que gastam sua renda em bens de luxo, os capitalistas investem quase todos os seus lucros. Portanto, a base do crescimento econômico de uma sociedade capitalista são seus empresários.

Para Ricardo, a taxa de lucro depende inversamente da taxa de salários. É claro para ele que se os preços de subsistência forem altos, o empregador terá que pagar mais aos trabalhadores para que possam sobreviver e seu lucro seja menor.

Aluguéis

De acordo com Smith

Assim que a terra se torna propriedade privada, os proprietários exigem um aluguel pelo uso de suas terras, mesmo que não trabalhem. O referido pagamento é entregue em forma de dinheiro ou em espécie.

Smith ressalta que há terras mais demandadas e outras menos demandadas. Isso depende se o empresário que deseja alugá-los obtém um lucro bruto que pode cobrir a renda e os salários. As terras mais procuradas proporcionarão aluguel ao proprietário, as outras quase nunca o farão. Assim, em Smith, uma renda diferencial incipiente é vislumbrada.

Segundo Ricardo

O aluguel é a parte do produto que é paga ao proprietário pela utilização da riqueza da terra. No entanto, ele afirma que a qualidade do terreno não é uniforme.

Segundo Ricardo, ela começa a ser produzida nas terras mais férteis e próximas, sem pagamento de aluguel. À medida que aumenta o nível da população, a fronteira agrícola tem que ser expandida e terras menos férteis devem ser utilizadas, que devem ser melhoradas e por isso paga-se o aluguel.

Ricardo alertou que se a população continuasse crescendo tão rapidamente, cada vez mais terras seriam necessárias e, devido ao aumento da demanda, os preços de subsistência subiriam consideravelmente. Assim, ele concluiu que se a importação de grãos de outros países não fosse facilitada, os salários e os aluguéis subiriam. Isso causaria um declínio constante nos lucros para um estado estável, onde a economia ficaria permanentemente estagnada e o capitalismo se esgotaria.

A formalização de Sraffa

O economista italiano Piero Sraffa, em sua magnum opus em 1960, intitulado “Produção de mercadoria por meio de mercadoria” fez a formalização matemática da teoria clássica de valor e distribuição.

Ele resume o sistema econômico capitalista nas seguintes três equações:

Consumo produtivo = subsistência + insumos

Produto bruto = subsistência + insumos + renda + lucros

Produto líquido (excedente) = produto bruto - consumo produtivo = renda + lucros

Referências:

Notas de aula do Professor José Félix Cataño, professor da disciplina "Economia Política I" na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Nacional da Colômbia.

Teoria do valor de Karl Marx