A política monetária do México face ao COVID-19

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A política monetária do México face ao COVID-19
A política monetária do México face ao COVID-19
Anonim

A crise do Covid-19 trouxe grandes mudanças e a política monetária do México não é exceção.

Uma das principais características das medidas econômicas adotadas em todo o mundo para aliviar a gravidade da crise econômica derivada da pandemia de Covid-19 é a magnitude e agressividade das políticas monetárias.

Fases da política monetária

Em primeiro lugar, apresentaremos o arcabouço teórico das fases pelas quais os bancos centrais devem passar em suas políticas monetárias extremas.

  • Fase I: As taxas de juros de referência são reduzidas a níveis zero ou negativos e os programas de criação de dinheiro são anunciados com a compra de títulos do governo e outros títulos de bancos comerciais.
  • Fase II: Anuncia-se uma redução gradual à expansão da moeda, mantendo as taxas referenciais em níveis mínimos.
  • Fase III: A impressão de dinheiro é interrompida e as taxas de referência começam a aumentar gradualmente.
  • Fase IV: Ocorre quando a taxa referencial, que vinha subindo, para por ser considerada em nível neutro, e o banco central inicia a retirada gradativa do dinheiro.
  • Fase V: Deve começar quando a inflação do país aumentar fortemente e o banco central tiver que agir elevando a taxa de referência para onde ela seja considerada contracionista e as ações sejam aceleradas para arrecadar o excesso de dinheiro em circulação.

Banco do mexico

O Banco do México (Banxico), que é o banco central mexicano, manteve de dezembro de 2018 a agosto de 2019 uma taxa referencial de 8,25%, mantendo a Fase IV de sua política expansionista anterior, porém, desde setembro daquele ano até setembro Em 2020, o Banco do México reduziu gradativamente sua taxa de referência para 4,50%, o que representou um corte de 375 pontos base em um ano, voltando a uma política mais expansiva. O mesmo aconteceu com outros bancos centrais, como o Banco Central Europeu e o Federal Reserve.

Hoje, todos os bancos centrais do mundo estão na Fase I, como resultado da crise causada pela pandemia de Covid-19. Os bancos centrais têm adotado políticas monetárias muito expansionistas, que podem gerar distorções significativas em todos os mercados de ações devido ao excesso de liquidez global e ao baixo custo do dinheiro causado pelos bancos centrais.

Em abril de 2020, o Banxico lançou 10 medidas adicionais que apoiariam o funcionamento do sistema financeiro nacional que envolvem um montante de 750.000 milhões de pesos (o que equivale a 3,3 por cento do produto interno bruto do México), com isso, o Banxico busca promover uma organização ordenada comportamento nos mercados financeiros, fortalecer os canais de concessão de crédito e dar liquidez para o bom desenvolvimento do sistema financeiro, frente à pandemia Covid-19 no país.

A pandemia Covid-19 e seus resultados negativos devastadores para a atividade econômica global, juntamente com a queda abrupta dos preços do petróleo, tiveram um impacto negativo sobre o comportamento dos mercados financeiros no México. Portanto, o Banco de México considera que a pronta reabertura de alguns setores e regiões importantes propiciará uma certa retomada da atividade econômica.

Medidas de suporte adicionais

As medidas adicionais de apoio adotadas pelo Banco de México foram:

  1. Aumentar a liquidez durante o horário de funcionamento para facilitar o funcionamento ideal dos mercados financeiros e sistemas de pagamentos.
  2. Expansão dos títulos do Ordinary Adicional Liquidity Facility (FLAO). Ou seja, operações de hedge cambial e operações de crédito em dólares.
  3. Expansão das contrapartes elegíveis para FLAOs, com as quais o banco central decidiu expandir o acesso a essas contrapartes às instituições bancárias de desenvolvimento.
  4. Uma janela de recompra de títulos públicos a prazo para que as instituições financeiras detentoras de dívida pública obtenham liquidez sem a necessidade de alienar seus títulos em condições de alta volatilidade nos mercados financeiros.
  5. Uma janela para a troca temporária de garantias.
  6. Mecanismo de Relatórios de Valores Mobiliários Corporativos.
  7. Fornecimento de recursos a instituições bancárias para canalizar crédito a micro, pequenas e médias empresas e pessoas físicas afetadas pela pandemia.
  8. Facilidade de financiamento a instituições bancárias múltiplas garantidas com empréstimos a empresas, para financiamento a micro, pequenas e médias empresas.
  9. Troca de títulos do governo.
  10. Coberturas cambiais a pagar por diferença em dólares com contrapartes não domiciliadas no país para operar nos horários de fecho dos mercados nacionais.

Essa política monetária ajudará a economia mexicana?

O impacto da pandemia Covid-19 tem sido considerável e a incerteza persiste para a economia mexicana, com um balanço de riscos ao crescimento que se mantém significativamente enviesado para baixo, uma vez que se estima uma queda de 12,8% no PIB para o final de 2020, sendo o pior cenário, então haverá uma recuperação de 3,2% em 2021 e 3,0% em 2022, porém, a incerteza é grande.

A saída da queda que gerou esta crise econômica não será a desejada pelo mercado em um “V” simétrico, senão será um prolongado “W”, isso se tivermos novamente uma forte repercussão nos casos da Covid-19 e um retorno ao confinamento social, o que já é esperado em função dos surtos registrados em várias regiões da Europa.

O Banco de México deve em breve reforçar as medidas anunciadas há poucos meses, já que os 750 bilhões de pesos anunciados são a priori insuficientes para sustentar a recuperação econômica, o que nos leva a concluir que a atual política monetária busca atenuar a profundidade da recessão e não apoiar a próxima recuperação da economia mexicana.