Panamá acaba com sigilo bancário

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Anonim

O sigilo bancário acabou no Panamá. O país centro-americano se comprometeu a aderir ao dispositivo multilateral de informações financeiras da OCDE. A partir de setembro, o Panamá deve fornecer todas as informações bancárias e financeiras solicitadas por outros Estados.

Os sistemas tributários exigem que todos os cidadãos contribuam com seus impostos para custear as despesas do estado. No entanto, existem aqueles que para evitar o pagamento de impostos, escondem seus bens e haveres em territórios de baixa tributação, também conhecidos como paraísos fiscais. Nesses países, os impostos são inexistentes ou muito baixos, não há troca de informações em matéria tributária e caracterizam-se pela falta de transparência.

Falta de transparência, o grande problema da sonegação fiscal

Agora, em um paraíso fiscal, existem dois regimes fiscais muito diferentes. As empresas locais e os residentes regulares terão que pagar um nível de imposto semelhante ao de qualquer estado, mas os não residentes poderão se beneficiar de grandes incentivos fiscais. É verdade que os não residentes estão proibidos de exercer a atividade económica, pelo que apenas podem constituir empresas que não exerçam atividade económica. É aqui que entram as chamadas empresas offshore. Os custos de incorporação são baixos, o procedimento para sua criação é simples, não requerem auditorias e são muito opacos, ou seja, é difícil encontrar seus titulares.

Precisamente os chamados Panama Pappers, revelados em 2016, causaram polêmica. Pois bem, territórios de baixa tributação como o Panamá, onde proliferavam as empresas offshore, serviam de refúgio para sonegadores ou pessoas que escondem seu dinheiro obtido por meio de atividades criminosas.

Esforços para abandonar listas negras

Organizações como a OCDE e a União Europeia começaram a trabalhar na luta contra a evasão fiscal e a existência de paraísos fiscais. No nosso artigo “A União Europeia já tem a sua lista negra de paraísos fiscais” alertamos para as medidas e sanções que estavam a ser preparadas a partir da Europa para os países que não colaboram na troca de informação financeira.

A ameaça à reputação nacional de fazer parte de uma lista negra de paraísos fiscais e as possíveis medidas que poderiam recair sobre o Panamá fizeram com que este país aderisse ao mecanismo multilateral de intercâmbio de informações financeiras da OCDE.

Precisamente, Publio Ricardo Cortés, como diretor de receita do Panamá, ratificou o acordo da Autoridade Competente Multilateral da OCDE em Paris, que lhe rendeu os parabéns de Masamichi Kono (Subsecretário Geral da OCDE). E é que o Panamá começou a levar a sério o combate à evasão fiscal e à lavagem de dinheiro. Já em junho do ano passado ele conseguiu abandonar a notória lista de paraísos fiscais do Fórum Global de Transparência Tributária.

Apesar de tudo, ainda há trabalho a ser feito, visto que o Panamá continua na lista negra de paraísos fiscais da União Europeia. É por isso que o Panamá, tentando se livrar dessa classificação negativa, deve continuar tomando medidas para melhorar sua transparência de informações.

Na batalha contra a evasão fiscal. a troca de informações entre os diferentes estados é uma medida muito eficaz. Desta forma, os fraudadores podem ser facilmente processados, para que não encontrem refúgio em territórios opacos e de baixa tributação. A cooperação em matéria tributária entre diferentes países tem se mostrado fundamental, especialmente quando se trata de processar crimes graves.