Venezuela, um país castigado pela hiperinflação
O que está acontecendo na Venezuela? Essa é a pergunta que muitos se fazem ao observar o que aconteceu no país. A inflação está atingindo níveis realmente dramáticos, o valor do bolívar está afundando e os estoques carecem das necessidades básicas. Em Economy-Wiki.com analisamos a delicada situação da economia venezuelana.
Um dos grandes objetivos macroeconômicos é controlar a inflação e, assim, alcançar a estabilidade dos níveis de preços. No entanto, a Venezuela, país com a maior inflação do mundo, está longe de atingir essa meta. Além da frieza dos números macroeconômicos, os problemas derivados da inflação acabam sendo transferidos para a população, que enfrenta uma terrível escassez de alimentos.
Olhando para trás, voltando a 1999, é mais do que surpreendente que 1 dólar foi trocado por 0,573 bolívares. Hoje, para conseguir um dólar, são necessários 201.787 bolívares venezuelanos. Ou seja, desde a chegada de Hugo Chávez e a chamada revolução bolivariana, o preço do dólar em relação ao bolívar aumentou 32.215,88%. Se tomarmos como referência a vitória eleitoral de Nicolás Maduro sobre Henrique Capriles em abril de 2013, observamos que o dólar subiu 860,13% nos últimos cinco anos.
Para entender esses números, devemos buscar as causas do problema da inflação galopante que sofre a Venezuela. E é que o país hoje presidido por Nicolás Maduro é uma economia em que a maior parte dos produtos são importados, ao que devemos acrescentar que a desvalorização do bolívar leva a uma inflação crescente. Isso significa que os empresários venezuelanos são obrigados a pagar cada vez mais bolívares por mercadorias do exterior.
Como isso afeta o dia a dia dos venezuelanos? Vamos dar um exemplo. A partir dos dados da agência Bloomberg, vamos analisar o preço de uma xícara de café com leite. Em 1º de janeiro de 2016, seu preço era de 450 bolívares, enquanto um ano depois atingiu 2.800 bolívares e com a chegada de 2018 chegou a 20.000 bolívares.
Chega um momento em que os preços sobem de forma tão violenta que o poder de compra dos cidadãos é insuficiente até mesmo para comprar os bens mais essenciais para sua sobrevivência. Essa é precisamente uma das consequências mais temidas da hiperinflação. A história tem nos mostrado dramáticas situações sociais causadas pela desvalorização da moeda e da inflação, como a hiperinflação alemã da República de Weimar nos anos 1920, onde o dinheiro ficou sem valor e os alemães acabaram recorrendo à permuta para tentar estocar.
A teoria e a experiência econômicas estabelecem três maneiras possíveis de resolver os problemas econômicos: tradição, autoridade e mercado. Pois bem, para fazer frente ao aumento descontrolado dos preços, a Venezuela recorreu à autoridade, ou seja, o governo optou por proibir a inflação. Nesse sentido, William Contreras, como Diretor da Superintendência Nacional de Defesa dos Direitos Socioeconômicos, ordenou que os supermercados vendessem nos níveis de preços de 15 de dezembro de 2017.
Essa medida acabou não sendo a solução. Com uma moeda terrivelmente desvalorizada, os empresários não podem arcar com os custos de estocagem. Dada a falta de bens de primeira necessidade, isso acaba trazendo sérias consequências para a população. A pobreza e a escassez causam descontentamento, desespero e pilhagem.
A falta de alimentos e outras necessidades básicas não é o único problema que os venezuelanos enfrentam. O dinheiro é escasso e a população está recorrendo ao pagamento com cartão de crédito, mas de acordo com os últimos registros disponíveis (que podem estar desatualizados), cerca de um terço dos venezuelanos não tem acesso a serviços bancários.
Voltando às causas da hiperinflação sofrida pela Venezuela, constatamos que o Banco Central da Venezuela, como autoridade monetária, não contribuiu exatamente para a solução do problema, muito pelo contrário. Prova disso foram as grandes emissões de numerário, visto que a liquidez aumentou 1.115% em 2017. Numa situação de hiperinflação, aumentar o volume de dinheiro em circulação é uma medida totalmente errónea que envolve atiçar as chamas do fogo.