A taxa Tobin, um problema ou solução?

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Anonim

Na Espanha, o Fundo de Reserva da Previdência Social, também conhecido como caixa de dinheiro das pensões, se esgotou. Com uma população muito envelhecida, os economistas consideram várias alternativas para garantir a viabilidade do sistema público de previdência. Essas medidas incluem a chamada taxa Tobin.

O imposto Tobin foi uma proposta do economista americano James Tobin, que aliás também ganhou o Prêmio Nobel de Economia. Este renomado economista foi professor em universidades como Yale e Harvard e também desenvolveu sua carreira profissional no Federal Reserve dos Estados Unidos. Em 1978, Tobin, um homem com claras tendências keynesianas, propôs um imposto que incidiria sobre os lucros obtidos nos mercados de câmbio. A taxa de imposto, que se situava entre 0,01% e 0,025% do capital investido, não pretendia abrandar o dinamismo dos mercados, mas antes dissuadir os especuladores financeiros e alcançar a estabilidade dos mercados.

A favor ou contra o imposto Tobin?

O próprio James Tobin argumentou que essa taxa também poderia ser uma importante fonte de financiamento para gastos públicos. Entre outras coisas, os recursos arrecadados podem ser usados ​​para combater a pobreza, financiar a luta contra as mudanças climáticas ou como fonte de renda para apoiar o sistema público de pensões. A proposta de Tobin foi amplamente aceita pelos movimentos antiglobalização, que defendem a contenção da especulação nos mercados financeiros. Alguns até mudaram o nome do imposto Tobin para imposto Robin Hood.

Agora, uma vez que a ideia surgiu na mente de James Tobin, ele estava ciente de que, no mundo financeiro, muitos se opunham ao pagamento de um imposto sobre grandes transações financeiras. Além disso, os grandes defensores do liberalismo econômico consideravam que a imposição de um imposto poderia perturbar gravemente o funcionamento do sistema de livre mercado. Justamente teme-se que o dano causado ao mercado de capitais seja maior do que a arrecadação de impostos.

No entanto, ao longo dos anos, a ideia do imposto Tobin sofreu modificações. Já na década de 1990, os que se opunham à globalização da economia optaram por uma alíquota que, em vez de taxar as operações no mercado de câmbio, recairia sobre as grandes transações financeiras. Assim, os defensores da taxa Tobin argumentam que a liberdade absoluta nos mercados de capitais pode acabar erodindo os fundamentos democráticos, deixando a sociedade subordinada aos movimentos de capitais.

No entanto, é preciso lembrar que Tobin elaborou essa proposta para os mercados de câmbio e criticou aqueles que usavam seu nome para estabelecer um imposto sobre os movimentos de capitais. Além disso, os movimentos antiglobalização têm mostrado oposição feroz a organizações como o Fundo Monetário Internacional ou o Banco Mundial, enquanto James Tobin tem sido favorável a ambas as instituições.

Se buscarmos uma posição intermediária, encontraremos o economista Paul Bernd Spahn. Sua proposta, como a de Tobin, se concentra nos mercados de câmbio. Nesse sentido, Spahn é favorável a uma modesta taxa de 0,01% para as operações de câmbio, enquanto essa taxa subirá para 50% para aquelas manobras que visem atacar uma moeda.

Isso é viável?

Atualmente, a União Europeia está trabalhando na criação de uma taxa Tobin, no entanto, este projeto foi adiado e permanece temporariamente suspenso. Apesar da falta de coordenação a este respeito nas esferas europeia e internacional, existem países como o Reino Unido e a França que já legislaram para implementar a taxa Tobin.

Em qualquer caso, implementar a taxa Tobin internacionalmente não será uma tarefa fácil. Muitas grandes empresas acabarão encontrando as brechas legais ou as fórmulas tributárias adequadas para evitar o pagamento desse novo imposto. Por isso, teme-se que as grandes corporações recorram a paraísos fiscais.

Como vimos, existem muitas discrepâncias em torno do imposto Tobin. Um deles é quem ficaria com os rendimentos. James Tobin propôs que o produto desse imposto fosse administrado pelo Fundo Monetário Internacional.

Outro aspecto que deve ficar claro é a necessidade de estabelecer claramente a diferença entre especulador e investidor. O imposto não deve recair sobre o investidor com o mesmo peso que sobre o especulador.