A dívida externa é o conjunto de obrigações que um país tem com credores residentes no exterior.
A dívida externa é composta por dívida pública e dívida privada. O primeiro refere-se às dívidas contraídas pelo Estado e suas instituições, enquanto o segundo se refere à dívida contraída por empresas e famílias.
Já os credores no exterior podem ser bancos, governos de outros países ou organizações internacionais que fornecem financiamento, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Origem e efeitos da dívida externa
Vários são os motivos que podem explicar o endividamento externo de um país. Entre esses motivos, encontramos:
- Investimentos em infraestrutura ou maquinário: A necessidade de recursos para fazer investimentos em infraestrutura ou maquinários de desenvolvimento produtivo. Por exemplo, os países podem pedir empréstimos para construir estradas, pontes e túneis para reduzir os custos de transporte para as empresas e, assim, promover o crescimento.
- Catástrofes naturais: Por exemplo, furacões, terremotos ou incêndios florestais que obrigam o país a reconstruir uma parte significativa de seu território.
- Má administração: Pode haver má gestão de entidades públicas e privadas que desperdiçaram recursos em atividades não lucrativas.
Os efeitos da dívida externa dependem dos motivos que a justificam. Desta forma, se a dívida foi utilizada para investimento, terá um efeito positivo, pois permitirá um maior desenvolvimento futuro, o que teria sido impossível sem poder dispor dos recursos rapidamente.
Ao contrário, quando o endividamento é explicado por má gestão, os efeitos podem ser desastrosos. Isso porque a dívida contraída terá que ser paga (mais juros), embora nenhuma nova fonte de receita tenha sido gerada.
Classificação da dívida externa
A dívida externa pode ser classificada de acordo com vários critérios. Aqui estão alguns deles:
- Por instrumento de dívida: A dívida pode ser classificada de acordo com o tipo de instrumento utilizado (obrigações, empréstimos, crédito comercial, etc.).
- De acordo com o prazo: Curto ou longo prazo.
- Por tipo de moeda: Nacional, estrangeiro (geralmente em dólares).
- Por taxa de juros: Taxa fixa ou variável.
Exemplo: crise da dívida externa da década de 1980
Um exemplo de endividamento externo com graves consequências para os cidadãos foi o endividamento dos países latino-americanos durante os anos 70-80. A história começa por volta de 1973, onde o preço do petróleo quase quadruplicou, de modo que os países exportadores desse produto passaram a ter grandes lucros.
Os países em desenvolvimento, especialmente os da América Latina, viram nessa abundância de recursos externos a possibilidade de contrair empréstimos a taxas de juros muito baixas e se endividaram com grandes somas de dinheiro. No entanto, esse dinheiro não foi usado para investimentos, mas sim para aplicar políticas expansionistas sem um retorno justificado.
A crise começou em 1979, quando o Federal Reserve dos Estados Unidos decidiu aumentar as taxas de juros para evitar a escalada da inflação. As taxas de juros mais altas e a valorização do dólar levaram a um aumento significativo do valor da dívida dos países em desenvolvimento. Muitas dessas nações não tinham recursos para pagar suas dívidas e, em alguns casos, todos os seus recursos foram usados para pagar juros.
Em 1982, o México declarou que não poderia continuar pagando sua dívida e o medo se espalhou. Assim, a renovação dos créditos foi negada e muitos países ficaram em situação financeira precária.