Vantagens e desvantagens da dolarização do Equador

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Vantagens e desvantagens da dolarização do Equador
Vantagens e desvantagens da dolarização do Equador
Anonim

Já se passaram 20 anos desde que o dólar americano foi introduzido na economia equatoriana. Apesar de ter uma moeda mais forte e estável, a dolarização do Equador também teve efeitos negativos.

Era março de 1999 quando os cidadãos equatorianos, impotentes, não puderam sacar suas economias do banco. O Equador estava mergulhado na crise mais grave que já sofrera e a cada dia que passava a moeda nacional, o sucre, caía de valor. Prova disso é que, quando 7.000 sucres equivalem a um dólar, uma semana depois, 19.000 sucres equivalem a um dólar.

1999: uma perspectiva econômica sombria

O panorama deste grande naufrágio econômico foi o seguinte: o setor bancário falido, os cortes nos gastos sociais e o Estado diante de um déficit orçamentário altíssimo. Diante de um déficit insuportável, o governo decidiu apostar em uma forte desvalorização da moeda. Foi assim que a população viu o valor de suas economias despencar, gerando fortes protestos sociais.

Para piorar as coisas, outra desvantagem que pesava sobre a economia equatoriana era o alto nível de corrupção do país. Tudo isso sem esquecer um pouco a gestão responsável dos bancos, que acabaram causando sua falência.

Com uma moeda que se desvalorizou ao longo dos dias, o então presidente equatoriano Jamil Mahuad optou pela decisão de dolarizar a economia. Dessa forma, o Equador adotou o dólar norte-americano em 9 de janeiro de 2000, tornando a moeda norte-americana a moeda aceita para qualquer tipo de transação no país latino-americano. Não muito depois, em 22 de janeiro, o presidente Mahuad acabou sendo destituído do cargo.

O dólar, padrão de confiança

Mas, além das tensões sociais e das consequências políticas, como a introdução do dólar afetou a economia equatoriana? Pois bem, se no dramático ano de 2000 a inflação ultrapassava os 96% galopantes, em 2002, com o dólar perfeitamente integrado no Equador, a inflação havia caído para uma cifra mais razoável de 10%.

Não apenas o nível de preços descontrolado do país foi reduzido, mas no mesmo ano em que o dólar caiu em massa no Equador, o PIB do país sul-americano cresceu.

Tudo isso devido à reputação do dólar, por ser uma moeda que irradia confiança e é sinônimo de força. Dessa forma, com uma moeda sólida, é possível atrair investimentos. E é que, quem quer investir no exterior, preste muita atenção à moeda que se usa no país.

A segurança proporcionada por uma moeda como o dólar faz-se sentir nos investimentos estrangeiros que o Equador recebe. Um fato que ilustra essa situação é que, de acordo com o relatório divulgado em 2019 pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, o Equador é o terceiro país em que os investimentos estrangeiros mais cresceram.

Incapacidade de realizar políticas monetárias

Embora seja verdade que a dolarização acabou tendo consequências positivas para o Equador, as repercussões negativas também devem ser consideradas.

Assim, quando as autoridades equatorianas decidiram congelar os depósitos bancários, um dólar americano equivalia a 5.000 sucres. Mas quando a população pôde operar novamente com suas contas bancárias, 25.000 sucres equivaliam a um dólar. Diante desses dados, é mais do que evidente a drástica perda de valor da poupança dos equatorianos.

A inflação não só causou estragos na poupança, mas também foi devastadora para os salários dos trabalhadores e as pensões dos aposentados.

No entanto, como de costume, os efeitos da inflação galopante acabam beneficiando os grandes devedores. Assim, quem saiu ganhando nesse caos econômico foram os empresários e exportadores que tinham grandes dívidas com os bancos.

Outra desvantagem de se adotar uma moeda estrangeira como meio de troca para transações é a impossibilidade de aplicar políticas monetárias. Em outras palavras, o Equador não pode decidir se aumenta a quantidade de dinheiro. De fato, em muitas ocasiões, uma expansão monetária ou um aumento da quantidade de dinheiro em circulação podem ajudar a impulsionar fortemente a economia. Portanto, por não poder emitir notas de dólar, o Equador está amarrado em termos de política monetária.

A única maneira de o Equador ter a política monetária como seu próprio instrumento econômico seria usar o sucre novamente.

Não devemos esquecer que, com uma economia dolarizada, o Equador se torna especialmente sensível a qualquer evento econômico relacionado aos Estados Unidos.