O papel dos consumidores na recuperação econômica

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O papel dos consumidores na recuperação econômica
O papel dos consumidores na recuperação econômica
Anonim

A economia mundial deve enfrentar uma série de desafios nos próximos meses, entre os quais se destacam a recuperação da economia e a retomada da atividade econômica. Uma tarefa em que os consumidores desempenham um papel fundamental e determinante.

Como muitos cidadãos do planeta desejavam, o Coronavirus começa a se dissipar e, com ele, os governos estão retirando, ainda que gradativamente, as medidas de distanciamento social que mantinham a população confinada em suas casas. Esperando que a pandemia, bem como todos os efeitos que dela derivaram, diminuam com o passar dos dias. Um sacrifício que, como começamos a tornar visível, começa a dar frutos para uma sociedade inquieta e desconcertada.

Nesse sentido, com o levantamento das medidas de distanciamento social, as empresas e a economia começaram a se reativar. Muitos países, principalmente os mais abalados com os efeitos da COVID-19, começaram a retirar restrições que, até agora, mantinham bloqueada a atividade econômica em todo o nosso planeta Terra, causando aquele forte choque de oferta que pesava sobre todo crescimento possível. .

Um levante que, de certa forma, estabelece uma dicotomia clara entre empresários e comerciantes. E é que, o medo de reabrir o negócio, além de abri-lo em um cenário em que o vírus poderia se intensificar, junta-se a outra série de medos que, como o econômico, geram nos pequenos comerciantes um sentimento de dúvida e inquietação. . Pois bem, abrir o negócio é fundamental para voltar à normalidade, mas a contínua ameaça à saúde, em um cenário em que a desaceleração não saia como planejado, pode nos levar a um cenário contrafactual que, só de pensar nisso, gera pânico nos economia real.

Os economistas sabem que recuperar a normalidade, mesmo que não seja aquela que a priori apresentava as sociedades ocidentais livres, é uma necessidade. Agora, estamos a falar de uma aposta em que nem todos os cidadãos têm o mesmo a perder. Y es que, donde unos empresarios se juegan el total de su liquidez en un periodo de carencia de ingresos absoluta, otra serie de civiles, en situación de empleado y no empleador, encuentra su mayor consuelo en un desconfinamiento que le permita salir a las calles , sem restrições; por mais necessários que sejam e sem estar de olho na necessidade de manter seu emprego.

Porém, se há algo que devemos esclarecer, é que não podemos deixar nossos empresários e comerciantes sozinhos em uma situação como a atual. Como disse Ray Dalio, devemos lembrar que a renda dos empresários é o gasto do consumidor, combinando essa referência com o paradoxo keynesiano que tanto caracteriza o economista britânico John Maynard Keynes. Una paradoja en la que el ahorro absoluto en periodos donde las expectativas, como ocurre en estos momentos, se encuentran muy deterioradas, nos lleva a escenarios que, como su propio nombre indica, son paradójicos para la sociedad, llevando a generar escenarios derivados indeseados para a população.

Algumas expectativas otimistas

Como dizíamos, a economia começa a dar sinais de atividade económica após a ligeira dissipação da tempestade viral que nos sacode há vários meses. Nesse sentido, os comerciantes voltaram à carga -pelo menos alguns deles-, abrindo seus negócios, devolvendo a oferta ao local onde deveria estar. Porém, se uma coisa que o grupo de economistas repetiu ao longo desse confinamento foi a possibilidade de que o que hoje era um choque de oferta na economia, pela impossibilidade de atender a demanda; Amanhã, após a reabertura e com as expectativas em mãos, poderá constituir um choque de procura que, descartando qualquer recuperação em “V”, prolongaria ainda mais a esperada recuperação progressiva que hoje se contempla.

Assim, se olharmos os principais indicadores de expectativas, que analisamos para a economia europeia por ter sofrido mais intensamente com os efeitos do Coronavírus, podemos observar uma tendência que mostra um claro pessimismo dos consumidores no país. Um pessimismo que estes gráficos recolhem, bem como os diversos estudos que diferentes consultorias têm vindo a realizar para avaliar a situação de consumo, tentando projectá-lo na situação pós-Covid. E isso é preocupante, porque, conforme encerrou a seção anterior, devemos lembrar que a renda dos empresários são as despesas dos consumidores.

A Espanha, por exemplo, foi um dos países mais abalados pela COVID. Nesse sentido, o gráfico mostrado acima reflete a percepção, bem como as expectativas, de alguns consumidores que, em grande parte, consideram que a economia não vai bem após a pandemia. Nesse sentido, expectativas de que, como demonstrado em diversos estudos, preveem quedas drásticas no consumo devido a uma propensão marginal a economizar que pode aumentar no futuro, enquanto a propensão marginal a consumir pode ser reduzida. Situação que não interessaria a nenhum empregador, visto que pouco adianta reabrir e retomar despesas que não possam ser compensadas por receitas que não correspondam à capacidade potencial que, a priori, apresentavam.

Mas não estamos falando apenas da Espanha, não é um caso isolado. A economia europeia, da mesma forma, apresenta alguns indicadores econômicos baseados em expectativas, que refletem uma situação semelhante à discutida com o exemplo da Espanha. Neste sentido, estamos a falar de confiança do consumidor que, no caso da zona euro, se encontrava no seu nível mais baixo desde março de 2009, em abril, conforme indica o indicador elaborado pela Comissão Europeia.

De acordo com isto, os índices apresentados por Bruxelas mostram uma queda para -22,7 pontos, face aos -11,6 que apresentou no mês anterior. Na União Europeia como um todo, a confiança do consumidor caiu drasticamente, atingindo contrações de até -22 pontos. Dessa forma, registra-se uma queda de 11,6 pontos inteiros em relação ao mês de março, além de também atingir o menor nível desde março de 2009, quando a crise financeira abalava a economia mundial.

À luz dos dados, podemos observar como os indicadores que procuram refletir as expectativas, tanto nacionais como comunitárias, mostram uma situação em que os consumidores vão mostrar o seu lado mais pessimista. Um pessimismo que os empresários temem, a economia real. E é que, valendo a redundância, estamos falando de uma situação em que grandes apostas são feitas para reabrir e dissipar um grande choque de oferta, que, sem acompanhamento de expectativas, leva ao que se denomina choque de demanda negativo, deslocando a demanda do consumidor e fazendo com que a receita das empresas diminua, desde que as pessoas considerem que uma crise econômica se aproxima e deve economizar; principalmente, em uma situação em que, apesar do baixo endividamento corporativo, a liquidez é vista com conta-gotas.

Mais economia, mais desemprego

Se observarmos as projeções que as principais autoridades monetárias estão fazendo nos diferentes países onde o vírus se reproduz, vemos como a situação do desemprego começa a preocupar os economistas. Só em Espanha, como mostra o Banco de Espanha, a previsão para a taxa de desemprego é de 22%. Nesse sentido, estamos falando de uma situação de desemprego que, como mostra a previsão, deixaria um quinto (1/5) da força de trabalho desempregada; causando grandes quedas nos níveis de renda.

Situação complicada, mas que, como mostram alguns estudos, entre os quais o do economista Fernando Trías de Bes, que mostra um cenário em que 70% da população espanhola, após o confinamento, pretende poupar, nomeadamente reduzindo o seu consumo. , para a crise que se aproxima. 70% que se juntam a 42% dos pesquisados ​​que já começaram a cortar gastos para enfrentar a crise que se aproxima, bem como mais de 50% deles que afirmam postergar as despesas planejadas para cenários futuros favoráveis. Tudo isso, em um estudo que conclui com 90% dos entrevistados oferecendo uma visão pessimista da economia espanhola para os próximos anos.

Alguns dados que também se refletem no gráfico a seguir, que mostra as expectativas dos cidadãos espanhóis sobre determinados elementos, entre os quais se destaca o consumo.

Num cenário como este, e embora não reafirme a posição do keynesianismo, basta conhecer os efeitos derivados do paradoxo keynesiano da poupança para conhecer os efeitos que esta escassez de consumo tem no emprego e nas empresas. Uma escassez que, como disse o próprio Keynes, gera uma sensação de tranquilidade devido à poupança, mas que, ao longo dos meses, essa mesma poupança, que se infiltrou, acaba por se tornar um verdadeiro carrasco para as economias domésticas; Como mostra esse cenário, todo emprego depende do consumo e da atividade econômica evidenciada pela economia real.

E, sem saber, nos encontramos mais uma vez imersos em antigos paradoxos que parecem ter sido esquecidos com o passar do tempo. Cenários em que pretendemos voltar à normalidade e sonhamos com recuperações aceleradas, com expectativas que refletem decisões de agentes socioeconómicos que não favorecem a recuperação. Cenários que, por mais desejáveis ​​que sejam, não são acompanhados da ação subseqüente desses agentes, que buscam aumentar sua renda com o consumo mais do que o necessário para reativar a economia. Um consumo de que dependem muitos empregadores e que, se não o tiverem, terão de encerrar, despedindo todos os trabalhadores que estão abaixo do limiar.

Nesse sentido, a mensagem que estou tentando transmitir nada mais é do que uma mensagem de otimismo e esperança, bem como uma reivindicação que tenta provocar uma ação por parte dos consumidores. Devemos lembrar como a economia funciona de forma intrínseca, conhecendo seus mecanismos e sem esquecer a fórmula de receitas e despesas que tanto lembramos neste artigo. Uma fórmula que não deve ser esquecida se, com a retomada da normalidade, almejamos a retomada da atividade econômica, bem como, para quem não a tem, encontrar um emprego. Pois bem, por tudo isso, o consumo terá um papel fundamental e, lembre-se, não haverá recuperação econômica sem esse consumo.

Por isso, se devemos extrair algo deste artigo, é a afirmação de que os cidadãos desempenham um papel decisivo na recuperação económica, mas não apenas do ponto de vista da saúde e da responsabilidade social.