Febre ferroviária - O que é, definição e conceito

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Anonim

Em meados do século XIX, em plena segunda revolução industrial, a ferrovia passou por um processo de expansão. Nesta época, dotar-se de uma via férrea passou a ser um dos grandes objectivos das principais cidades europeias.

Nesse contexto, multiplicaram-se as empresas que se dedicam à construção desse tipo de infraestrutura. Além disso, muitos deles eram propriedade ou promovidos por administrações públicas. Essa expansão e toda a bolha que se gerou em torno dela é conhecida como febre ferroviária.

O surgimento e desenvolvimento da ferrovia

A base sobre a qual o nascimento da ferrovia foi sustentado foi a máquina a vapor. A primeira locomotiva a vapor foi patenteada em 1769 por James Watt. No entanto, não foi até 1804 que uma locomotiva pôde ser usada para rebocar um trem.

A primeira vez que uma locomotiva foi usada para transportar trens como transporte público foi em 1825. E em 1830 a primeira linha ferroviária intermunicipal foi inaugurada, ligando Manchester a Liverpool. A partir desse momento, a expansão desse meio de transporte avançou de forma imparável, enquanto novos avanços foram introduzidos, como a eletrificação ou a dieselização.

A expansão da ferrovia

Ao longo do século XIX, ocorreu a expansão da ferrovia, paralelamente ao desenvolvimento da segunda revolução industrial. Com isso, o industrialização Alcançou novos países europeus, como França, Alemanha, Bélgica e outros fora da Europa: Japão e Estados Unidos.

A expansão da ferrovia, que se tornou um dos símbolos da expansão da industrialização, se reflete de forma notável em alguns dados comparativos. Se em 1840, na Europa, apenas nove países possuíam rota ferroviária e a linha não ultrapassava 4.000 quilômetros, em 1870 já haviam ultrapassado 100.000 quilômetros de ferrovia na Europa e 70.000 quilômetros nos Estados Unidos.

Com esses números, a importância da ferrovia como principal meio de transporte pode ser facilmente intuída a partir de meados do século XIX. As repercussões desse fenômeno foram marcantes, principalmente nos aspectos relacionados à Comércio. Nunca antes as distâncias foram tão encurtadas. Desta forma, o comércio nacional, mas também internacional, sofreu um forte impulso que permitiu a consolidação de um capitalismo que começava a ser global e, conseqüentemente, condicionava a política e as relações internacionais do momento.

A bolha da ferrovia

A febre ferroviária pode ser considerada a primeira bolha criada em torno da inovação tecnológica. As bolhas que ocorreram antes, por outro lado, tiveram um caráter essencialmente comercial: o mania de tulipa na Holanda ou no Miragem do mar do sul são alguns exemplos.

No processo de expansão de uma tecnologia que se apresentava como a base do comércio futuro, as empresas do setor ferroviário chamaram a atenção para a premissa de que seria um negócio seguro. No Reino Unido esta ideia foi combinada com a liberalização do setor, razão pela qual houve uma verdadeira febre ligada ao desenvolvimento de novas linhas.

Dada a grande afluência de investidores ao setor ferroviário, as ações dessas empresas valorizaram-se. Isso estimulou as empresas, em um clima de otimismo com o setor, a planejarem grandes projetos que exigissem grandes investimentos. Foram elaborados projetos que eram inviáveis ​​ou, no melhor dos casos, muito difíceis de executar. Nesse contexto, especuladores se posicionaram para investir grandes quantias enquanto aguardavam a venda de suas ações a preços muito mais elevados, em alguns casos, antes mesmo de as linhas projetadas serem finalizadas.

Neste cenário, em que o especulação e alguns projetos inviáveis ​​andaram de mãos dadas, a bolha acabou estourando. Isso aconteceu quando ficou claro que as grandes somas investidas não iriam recuperar, em muitos casos, os investimentos. Isso arrastou muitas empresas e acionistas que esperavam retorno do investimento com alta margem de lucro, o que não aconteceu.