Por que o setor de luxo cresce em tempos de crise?

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Anonim

Apesar da grande recessão de 2008 e da catástrofe econômica causada pela pandemia, o setor de luxo resistiu e até explodiu, para surpresa de muitos, durante a crise. Por isso, na Economy-Wiki.com nos perguntamos: Por que as empresas que oferecem produtos de luxo saem mais fortes em tempos de crise?

Os indicadores até agora consultados mostram-nos que, apesar da crise económica e das consequências que dela decorrem, o luxo é um sector que dificilmente sofre num momento em que a economia não passa bem. Mas por que isso acontece? Por que o consumo no setor de luxo não está sofrendo?

Em primeiro lugar, é verdade que os ricos têm um quadro econômico poderoso para se proteger contra uma recessão, mas é surpreendente que, quando é preciso apertar o cinto, as empresas do setor de luxo se fortaleçam. À primeira vista, parece que esta é uma grande contradição. Agora, a resposta é que o luxo atua como um valor seguro ou refúgio em tempos de incerteza econômica.

Esses refúgios seguros fornecem proteção durante as crises. Assim, os bens de luxo retêm seu valor e até o aumentam. Durante os estágios de recessão, a venda de bens de luxo cresce consideravelmente. Prova disso são os números de vendas de objetos como obras de arte ou joias. Esses tipos de itens são os grandes valores de refúgio seguro atrás do ouro.

Além disso, olhando, por exemplo, para o caso da Espanha, se analisarmos a deterioração dos rendimentos em consequência da crise por decis de rendimento, podemos ver como os rendimentos que menos caíram, que menos sofrem, são os rendimentos mais elevados. Além disso, essa tendência foi e é observada em muitos outros países. Os ricos, diante de uma crise econômica, sofrem muito menos os efeitos, e o consumo do setor de luxo nos mostra essa evidência.

Democratização de produtos de luxo

“O luxo não é mais algo exclusivo dos homens idosos, mas estamos descobrindo novos perfis de ricos”.

Da mesma forma, existem cada vez mais perfis diferentes dentro do setor de luxo. Ou dito de outra forma, o cliente potencial no setor de luxo é cada vez mais heterogêneo.

Como se pode verificar nos estudos realizados a esse respeito, o luxo não é mais exclusividade dos homens idosos, mas encontramos novos perfis de ricos. Aparentemente, parece ter havido uma certa democratização no mundo do luxo, com alguns de seus itens sendo mais acessíveis a determinados setores de renda média. Assim, as empresas que oferecem produtos de luxo mudaram alguns detalhes da sua estratégia, abrangendo um público mais vasto, mas mantendo uma imagem de qualidade e prestígio.

Um exemplo claro seria o setor têxtil. Obviamente, no dia a dia, as classes média e trabalhadora migram para lojas que oferecem roupas a preços mais acessíveis. Porém, perante eventos importantes, procuram produtos de qualidade superior, entregando-se a um capricho e comprando roupas de qualidade superior fabricadas por marcas de prestígio.

Por outro lado, você também deve entender que o que entendemos por luxo mudou radicalmente nos últimos anos. Agora os ricos não se contentam mais em adquirir produtos da mais alta qualidade que conferem grande distinção social. Dando uma torção a esse conceito, os ricos realizam atividades fora do alcance do cidadão comum, como viagens exóticas ou a possibilidade de protagonizar grandes aventuras.

Inovação, uma das chaves

"As vendas online de ponta, por exemplo, cresceram substancialmente durante esta pandemia."

O desenvolvimento de novas tecnologias e a internet também contribuíram para impulsionar o setor de luxo. Graças à tecnologia de Big Data, as empresas podem armazenar uma grande quantidade de informações. Dessa forma, eles sabem que tipo de cliente devem ter como alvo, pois têm uma ideia bastante aproximada dos perfis apresentados por seus clientes em potencial.

Além disso, em linha com a tecnologia, é necessário avaliar o impacto decisivo do investimento empresarial em I&D. O desenvolvimento de novos produtos e técnicas de produção também ajuda a estimular as vendas no mundo do luxo. E é que, nestes tempos, mesmo no mundo do luxo, sem inovação não há sucesso. Não só a inovação é decisiva, como este tipo de empresas de luxo mostra cada vez mais uma preocupação maior em ter cada vez mais pessoal qualificado.

E tudo isso, sem esquecer o comércio online. Bem, a propósito, as vendas online de ponta durante esta pandemia aumentaram 16%, enquanto as experiências virtuais se multiplicam com o passar dos dias.

Luxo e economias emergentes

"A China, se a tendência continuar, vai capturar mais de 60% do mercado mundial de luxo em um prazo muito curto."

Mas se o mundo está passando por uma grande crise econômica, por que o luxo abre suas fronteiras para novos horizontes? A chave está na globalização da economia e nas tendências. O consumismo não entende as fronteiras e as economias emergentes explicam em grande parte o boom neste setor.

Assim, nas recessões recentes, quando mercados tradicionais como a Europa foram afetados pela recessão e as vendas de empresas de luxo caíram, as economias emergentes continuaram a demandar produtos de luxo. Estamos falando de países como a Rússia, alguns lugares do Oriente, América Latina e China, que apresentam demanda crescente.

A pandemia alterou, como podemos ver, o cenário de luxo. A China, por exemplo, deixou de ser um mercado muito importante para se tornar um local-chave para as marcas. O país, sem dúvida, manterá esse papel predominante no futuro, mesmo que o vírus tenha sido controlado e todas as regiões do mundo cheguem ao novo normal. Essa tendência já conhecida é claramente evidenciada nos últimos estudos publicados a esse respeito.

Ou seja, podemos dizer que os estudos nos mostram como a China, se a tendência continuar, representará mais de 60% do mercado mundial de luxo em curtíssimo prazo.

Por esse motivo, vemos como nas crises não há declínio no setor de luxo. A diversificação do cliente, as grandes receitas não foram prejudicadas, a digitalização permitiu mais compras, entre outros fatores, permitiram ao setor sair mais forte desta crise. Um setor que, como dissemos no parágrafo anterior, está cada vez mais concentrado no Oriente.

Quais são os produtos de luxo mais populares?

"É impressionante o caso dos iates de luxo, que aumentaram dramaticamente devido à crise econômica."

O rei do luxo continua sendo o automóvel, seguido dos perfumes, calçados e joias. Em menor medida, bebidas, hotéis, restaurantes e, por último, iates ficam para trás. É precisamente o caso dos iates de luxo, que aumentaram dramaticamente devido à crise econômica causada pela pandemia COVID-19.

O caso dos itens de luxo que cresceram, como o forte aumento nas vendas de iates, é amplamente explicado pelas circunstâncias particulares da pandemia. Nesse sentido, as restrições impostas pela pandemia impediram viagens internacionais em jatos particulares e o desfrute de viagens em navios de cruzeiro luxuosos. Como resultado, muitos americanos ricos desfrutaram de viagens marítimas de lazer em águas domésticas a bordo de seus próprios iates.

Onde estão localizadas as grandes empresas do mundo do luxo?

"Embora estejamos falando de empresas europeias, cada vez mais pessoas estão interessadas em economias emergentes para atrair essas empresas de luxo."

As empresas de maior prestígio, fiéis à sua tradição e forte imagem de marca, têm as suas raízes na Europa. França e Itália estão no topo, com o renomado Louis Vouitton e a famosa montadora Ferrari se destacando entre suas empresas de luxo. Atrás de ambos os países estão as renomadas empresas de luxo da Grã-Bretanha e da Suíça.

Na verdade, as primeiras marcas de luxo são europeias. Entre eles estão empresas como Porsche, Gucci, Louis Vuitton, Cartier, Chanel, Hermès, Ferrari, Rolex, Dior e Coach. Desta lista das dez marcas de luxo mais importantes do mundo, todas são europeias, exceto a American Coach.

No entanto, apesar de estarmos a falar de empresas europeias, cada vez mais pessoas estão interessadas nas economias emergentes para atrair essas empresas de luxo. É o caso da Ásia, que responde por cerca de 40% das vendas da firma Louis Vuitton, do renomado magnata Bernard Arnault, ou Gucci, que se propôs a contratar numerosos asiáticos em toda a sua força de trabalho em todo o planeta, por conta disso demanda crescente do mercado chinês.