O empreendedor: um visionário ou um desempregado?

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O empreendedor: um visionário ou um desempregado?
O empreendedor: um visionário ou um desempregado?
Anonim

O que é um empreendedor? Qualquer trabalhador independente pode ser considerado empresário? São empreendedores visionários com ideias ou apenas jovens à procura de emprego? Por que os jovens se comprometem? O empreendedorismo é a solução para o desemprego juvenil? Vamos falar um pouco sobre empreendedorismo.

Diante do dilema que surge no final dos nossos estudos universitários, muitos são os estudantes -mais e mais- que optam pelo caminho do empreendedorismo e do trabalho autônomo. Grandes figuras, consideradas líderes sociais famosos, têm influenciado os jovens estudantes, despertando neles o desejo de se aventurar no longo caminho que implica iniciar uma atividade empresarial. Uma atividade empresarial, que além de proporcionar rentabilidade óptima para viver com conforto, permite-lhes, assim como aos seus ícones próximos no mundo dos negócios, deixarem a sua marca no planeta, criando um produto ou serviço que, perante um necessidade, irrompe na sociedade.

Steve Jobs, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg, são alguns dos líderes que tornaram essa aventura emocionante para jovens recém-formados. Aliás, grandes produtoras cinematográficas, levando suas histórias para o grande ecrã, têm feito da vida destes personagens, por mais salientes e incompreendidos, uma inspiração para os pequenos empresários que, para se assemelharem às suas referências no mundo do cinema. .em empresa privada, eles tentam replicar até mesmo a forma de agir, bem como os padrões de vida que esses líderes tiveram, e ainda têm. Até as próprias universidades, se destacando entre instituições como Harvard ou MIT, incluem a vida desses "sonhadores" em seus planos acadêmicos, tentando inspirar os alunos neles.

Assim, com o passar do tempo, o empreendedorismo foi ganhando cada vez mais peso na sociedade, tanto jovem como adulta. Se, a priori, o empreendedorismo era considerado uma atividade a tempo parcial a desenvolver-se até conseguir um bom emprego, nesta altura tornou-se o objetivo, assim como o modo de vida, de cada vez mais jovens, e não tão jovens, no planeta. Uma declaração que inclui também estatísticas, onde, no caso da Espanha, mostra como 35% dos jovens, num futuro próximo, querem tornar-se empreendedores; algo que também acontece na América Latina, onde o número de jovens sobe para 40%. Bem como, por fim, destacando a meca do empreendedorismo, os Estados Unidos, onde esse percentual sobe para chegar a 65%.

Empreendedorismo: fato ou ficção?

Como concluímos a seção anterior com alguns números que, principalmente no caso dos Estados Unidos, surpreenderam pela porcentagem de jovens que, em relação aos anos anteriores, desejam empreender, iniciamos esta seção dizendo que, embora muitos desses jovens, e não tão jovens, querem empreender, poucos conseguem. Na verdade, apesar de se considerar que 63% dos jovens americanos querem se tornar empreendedores após o término dos estudos, as estatísticas também nos mostram como apenas 7% da força de trabalho do país pode ser considerada como "empreendedora", conforme levantamento pelo Small Business & Entrepreneurship Council.

Nesse sentido, estamos falando de uma situação que, como mostram as estatísticas, difere muito da realidade. E, o que aconteceu nos Estados Unidos é replicado também em outros países, como a Espanha, onde 17% dos cidadãos do país, conforme mostram os dados oficiais apresentados pelo governo, podem ser considerados empreendedores. Como podemos ver, uma estatística que não se ajusta tanto a esses números que, no início, comentamos. E, se formos ao caso da América Latina, essa situação se reproduz nos países latino-americanos da mesma forma. No México, por exemplo, enquanto 2 em cada 3 jovens (66%) querem ser empreendedores, as estatísticas mostram que apenas 35% dos cidadãos do país são considerados empreendedores. Obviamente, um dado que deve amadurecer e que, com a transição da pirâmide populacional, crescerá; mas isso, por enquanto, ainda é escasso.

Além disso, deve-se acrescentar que tanto no caso da América do Norte como no caso da Espanha, bem como do México, os dados oficiais recolhem entre esses “empresários” os cidadãos que, por conta própria, realizam um comércio ou a profissão de pessoa autônoma, sendo este o verdadeiro problema da estatística. E, apesar de ser coletado no mesmo bloco, não há uma diferenciação clara entre o que é empreendedor e o que não é. Pois bem, ambos são empreendedores por abrir e desenvolver um negócio, mas claramente há uma diferença que, tipificada nesses líderes a que aludimos no início, é bastante apreciável, além de notável.

Na verdade, de acordo com os estudos oferecidos sobre empreendedorismo, a mensuração dos empreendedores em um país, tendo sido medida pelo número de anos que a empresa está em operação, não reflete uma amostra clara de quais pessoas, dentro das estatísticas, elas podem ser considerados empreendedores, bem como aquelas pessoas que, tendo iniciado um negócio e sendo, em tese, empreendedoras, não geraram um projeto, mas estão no desempenho de uma determinada profissão por conta própria. E isso é importante destacar, uma vez que o refinamento da definição do empreendedor é fundamental para o desenvolvimento de políticas que, depois de aplicadas, ainda não encontram seu potencial usuário em uma estatística que, à luz dos dados apresentados no artigo, o faz. não acaba especificando, bem como oferecendo uma imagem fiel.

Se a isso, acrescentamos também que, no caso dos Estados Unidos, apenas 4% conseguem se estabelecer como empresário, enquanto, no caso da Espanha, o percentual é fixado em 2,5%, a questão que é feito antes de tais dados é: o empreendedorismo é uma realidade ou uma ficção?

Uma solução alternativa para o desemprego juvenil?

Nos últimos anos, muito se tem falado também sobre o empreendedorismo como solução para o elevado desemprego juvenil registrado em diversos países do planeta. Na Espanha, por exemplo, o desemprego juvenil sobe para 33%, enquanto, no caso da América Latina, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), assim como várias organizações multilaterais, definiram o desemprego juvenil como o verdadeiro topo do iceberg., registrando níveis na Região que colocam 2 em cada 10 jovens latino-americanos em situação de desemprego (20%). Daí surgiram várias soluções que, como o empreendedorismo, podem corrigir uma situação tão desagradável como alarmante.

Diante de uma situação em que os diversos mercados de trabalho do planeta enfrentam um problema de não conseguir absorver todos os jovens que se formam nas universidades, o empreendedorismo, às vezes denominado de “trabalho autônomo”, ganha força, apresentando-se como uma alternativa ao não encontrar um emprego. E, como mostra o relatório GEM, que analisa os motivos que levam os jovens a empreender nos diversos blocos econômicos que compõem o planeta, muitos são os países em que há uma clara tendência a se empreender por situações que, como o desemprego juvenil. , impedir o acesso ao mercado de trabalho; ter que escolher o empreendedorismo como única alternativa para evitar o desemprego. Para se ter uma ideia do que precede, em Espanha, a percentagem de empresários que empreendem por desemprego está perto de 45%; no México estaríamos falando de 85%; assim como, por último, nos Estados Unidos seria de 42%.

Novamente cometendo erros que, como contar todos os autônomos no bloco dos empreendedores, continuam a distorcer o perfil do empreendedor numa estatística que, mais do que empreendedores, passa a reunir todos aqueles profissionais autônomos que, para corrigir seus desempregados, eles iniciam uma atividade por conta própria que, como veremos a seguir, em muitos casos acaba fracassando.

Portanto, é importante destacar essa situação. Pois bem, em muitas ocasiões, os governantes tentam nos vender o empreendimento como uma alternativa estimulante, além de lucrativa; mas, ao mesmo tempo, mascarando em seus depoimentos situações tão desagradáveis ​​e frustrantes, como a que os jovens universitários vivenciam quando terminam os estudos e precisam encontrar um emprego. Isto fez com que estes blocos económicos promovessem políticas relacionadas com o empreendedorismo, que promovam entre estes jovens a que nos referimos, o desejo de empreender e não continuar a expandir aquele grande grupo de jovens que, dada a situação, estão desempregados. Políticas que, por outro lado, continuam apresentando claras deficiências para esses empresários, que continuam encontrando sérias dificuldades no início de sua carreira profissional.

Na verdade, é curioso, além de surpreendente, ver como nos Estados Unidos, a partir do escritório do empresariado do governo norte-americano, são emitidas mensagens sobre o relaxamento na venda do empreendimento como alternativa universal, dada a custo de promoção de políticas e alocação de valores para empreendedores que, diante dos dados, acabam fracassando em sua tentativa de se tornar empreendedor.

Portanto, em suma, estamos diante de uma situação em que o empreendedorismo não só apresenta graves nuances que devem ser especificadas, mas passa a ser utilizado como instrumento de política econômica para reduzir desequilíbrios que, como o desemprego juvenil, causam o mal-estar dos classe política. Isso tem levado a uma promoção excessiva do empreendedorismo, o que, em muitas ocasiões, leva os governos a alocar grandes quantidades de capital público que acabam sendo descartados por uma realidade que, no discurso, é omitida com certa frequência. Uma realidade que passa despercebida pela necessidade de promover um empreendimento que, por ora, se apresenta mais como uma ferramenta política do que, infelizmente para os empresários, uma ferramenta para gerar novos visionários e geradores de mudança.