Milionários não entendem crise ou pandemias

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Milionários não entendem crise ou pandemias
Milionários não entendem crise ou pandemias
Anonim

De acordo com estudos oferecidos pela empresa suíça Credit Suisse, o número de milionários durante a pandemia aumentou. Assim, os dados nos mostram como os milionários, assim como o setor de luxo, não entendem as crises econômicas.

Há algumas semanas, meu colega e analista David Lopez Cabia nos falou sobre como o mercado de luxo, em situações de crise, não sofre tanto quanto outros setores. De facto, como se pode ver na análise, temos lidado com situações em que, apesar de passar por uma crise muito grave como a que vivemos hoje, o setor, como se pode ver nos indicadores, registou um salto notável. E é que, embora seja bastante paradoxal, as crises não costumam ter um grande impacto nas empresas que atuam neste setor, de modo que, ao contrário das demais, elas são menos afetadas.

Veja o artigo: Por que o setor de luxo cresce em tempos de crise?

Maior acesso de muitos compradores que antes não eram; o valor de refúgio seguro que esses ativos geralmente apresentam; bem como a própria resiliência demonstrada pelas grandes fortunas em situações de crise são alguns dos fatores que, como referimos no referido artigo, fazem com que este setor não só não caia, como surja mais forte. Prova disso são os iates que foram vendidos durante a pandemia, atingindo recordes quando analisamos a venda desse tipo de bens de luxo nos últimos anos.

Porém, além dos fatores que são mencionados ao longo do artigo, esquecemos um de grande relevância que deve ser destacado; Principalmente depois de conhecer uma publicação da financeira Credit Suisse que indica o que vamos comentar. E, de acordo com a empresa suíça, COVID teve um impacto significativo na renda familiar. Segundo a própria FEDEA, e apenas no caso da Espanha, mais de 8 milhões de pessoas sofreram uma clara deterioração de seus rendimentos. Mas o que estamos comentando, quando se aplica uma visão mais global, vemos que se repete em muitos territórios.

No entanto, essa deterioração, por decis de receita, tem nuances que devemos destacar, como a apontada pelo Credit Suisse. Nuances como esse o número de milionários, como o setor de luxo durante as crises, aumentou substancialmente durante a pandemia.

Mas quanto aumentou? Vamos ver a seguir!

Mais crise, mais milionários

“De acordo com o relatório publicado pela empresa, cerca de 1% da população adulta mundial tornou-se milionária durante a pandemia”.

Pelos números do Credit Suisse, o que vemos é que, apesar da crise, o número de milionários não parou de crescer. Tanto que em 2020, de acordo com relatório divulgado pela empresa, cerca de 1% da população adulta mundial tornou-se milionária durante a pandemia. Situação um tanto paradoxal, como mencionei, visto que se observa que o que para uns foi um verdadeiro desastre, para outros, como mencionamos em artigo que publicamos recentemente, tem sido uma verdadeira oportunidade.

Veja o artigo: Coronavírus: onde alguns vêem perdas, outros ganham

E é que vai ser verdade o ditado que se diz na Espanha de que nunca chove para todos os gostos.

Na análise feita pela empresa, observa-se que, no que diz respeito aos milionários que estão operando em nosso planeta, este, como o setor de luxo durante as crises, aumentou no último ano. Segundo a empresa, a cifra já ultrapassa 56 milhões de milionários em todo o mundo. Embora a crise tenha tido um impacto notável, como dissemos, a análise nos mostra que a pandemia não teve um impacto significativo na criação de riqueza no mundo.

Observando o aumento, vemos como isso se quantifica em 5,2 novos milionários, o que nos mostra, junto com o outro indicador citado de 1%, que a criação de riqueza no planeta não compreende crises ou pandemias. De facto, segundo o relatório, esta riqueza não deixou de aumentar, da mesma forma, com um crescimento que o relatório mostra de 7,4% ao longo de 2020. Aumentos que, embora agora destaquemos, importa acrescentar que foram visíveis por alguns anos.

Desde 2000, o número de pessoas com riqueza entre US $ 10.000 e US $ 100.000 triplicou, de 507 milhões de pessoas em 2000 para 1,7 bilhão em meados do ano passado. Situação que também é destacada pela revista responsável por fazer o famoso ranking dos bilionários, com dados que nos mostram que, apesar da pandemia, 2020 foi um ano recorde para os mais ricos do mundo, com um aumento de 5 bilhões de dólares. em riqueza, bem como um aumento sem precedentes de novos milionários.

Alguns dados que nos mostram que, como diz a manchete, milionários e riqueza não entendem crise ou pandemias.

Novos milionários: mais milionários, mais digital

“Estamos falando de um aumento muito substancial de novos milionários, mas com uma presença marcante da indústria digital neste grupo privado e seleto”.

De Bezos a Bill Gates, por meio de Mark Zuckerberg, eles são alguns dos grandes milionários que fizeram da tecnologia e da digitalização a economia do futuro, ignorando uma pandemia que apenas desencadeou seu faturamento.

Tal é o grau de avanço e penetração dessas empresas que, enquanto em 2014, há 6 anos, era difícil encontrar nenhuma delas no TOP 10, em 2020, o inusitado e o que chama a atenção é que no mesmo ranking estão pessoas que, como Warren Buffet ou Bernard Arnault, não lideram empresas tão vanguardistas como as lideradas pelos líderes mencionados.

De acordo com a lista da Forbes, Jeff Bezos, Elon Musk, Bernard Arnault, Bill Gates e Marck Zuckerberg são os que lideram atualmente o ranking dos milionários do nosso planeta. Excluindo, com todo o respeito do mundo, o Sr. Arnault, os restantes nomes mencionados são os que presidem, respetivamente, empresas como Amazon, Tesla, Microsoft, Facebook, Instagram, WhatsApp, entre outras.

Isso nos mostra que, excluindo o presidente do grupo Luois Vuitton - que se dedica ao setor de luxo -, as pessoas mais ricas do mundo são também as que dirigem as empresas digitais mais poderosas.

Mas não podemos esquecer outros nomes que se seguem aos mencionados. Nomes como Larry Ellison, Larry Page ou Mukesh Ambani são alguns dos que seguem a lista citada acima. No entanto, como os primeiros, eles também estão dentro do setor digital, presidindo, respectivamente, empresas como Oracle, Google ou Reliance Industries.

Em suma, um aumento muito significativo de novos milionários, mas com uma presença marcante da indústria digital neste grupo privado e seleto.

Mulheres milionárias

"Da mesma forma que as empresas digitais entraram nos rankings, deve-se acrescentar que novas mulheres também entraram nessas listas."

Não podemos encerrar este artigo sem antes nos determos no meio e apontar que, da mesma forma que as empresas digitais entraram no ranking, destronando as maiores, é preciso acrescentar que novas mulheres também entraram na lista da Forbes.

Nesse sentido, a primeira mulher que observamos aparece na posição 17, sendo esta Alice Walton, filha única do fundador do Walmart. Porém, a isso que estamos comentando, acrescenta-se outra mulher, mais do mundo do entretenimento, que é arrebatadora e que já se tornou o que a Forbes chama de "bilionária".

Essa mulher é a socialite, modelo e empresária Kim Kardashian West, que teve uma fortuna que chegou a US $ 1 bilhão no ano passado. E isso, depois do lançamento de sua linha de cosméticos, além da receita derivada de todas as aparições que essa modelo fez na televisão.

Uma crescente desigualdade

"Se olharmos para os decis de renda, podemos identificar um alargamento maior entre os decis mais altos e mais baixos."

Em suma, convém encerrar mencionando a crescente desigualdade que observamos, e que, de certa forma, se mede por esse aumento substancial de milionários, bem como pelo notável aumento de pessoas que sofreram deterioração de sua renda durante a pandemia. E, apesar de o coeficiente GINI nos dizer que a desigualdade não para de diminuir há mais de 40 anos, a verdade é que, se olharmos os decis de renda, podemos identificar um alargamento maior entre os decis mais altos e os mais baixos.

Essa crescente desigualdade é muito perigosa e não beneficia a economia. Bem, como a organização Oxfam menciona, com o que foi gasto em 2021 em iates, países inteiros poderiam ter sido vacinados.

Portanto, embora a geração de riquezas e o surgimento de mais milionários sejam boas notícias, não podemos esquecer essa desigualdade que assola muitos países do planeta. Principalmente nas economias emergentes, onde, por coincidência, esse aumento de milionários, assim como o aumento dos gastos com bens de luxo, é maior.