O setor do turismo: um setor à beira do abismo

Se há um setor para o qual esta crise se inicia, esse é, sem dúvida, o setor do turismo.

Pela natureza de uma pandemia sem precedentes em nossa história recente, a aplicação de duras medidas de distanciamento social para enfrentar e conter o vírus, a paralisia forçada da economia, bem como os bloqueios de fronteira impostos pelos diferentes países do planeta., condenaram este sector a registar um volume de perdas que, à luz dos dados, o deixam numa situação muito preocupante para um futuro próximo.

Situação em que, face à deterioração registada, as previsões que procuram projectar uma recuperação são cada vez mais desanimadoras. E, como as principais organizações encriptam, estamos falando de uma recuperação que, dados os últimos acontecimentos e a possibilidade de novos surtos que já se avizinham no horizonte, chegaria no ano de 2024.

A situação do setor de turismo, devido à situação que o planeta enfrenta, é devastadora. E é que, ao contrário do que acontecia no passado, nunca este setor tinha registado tamanho volume de perdas. Nesse sentido, levando em consideração que estamos no meio do período de verão, tanto este mês quanto os últimos são meses em que este setor, e devido à sua alta sazonalidade, apresenta fortes picos de demanda. Tal é o nível desta demanda que, somente na Espanha no ano passado, o verão desencadeou as contratações de tal forma que, ao final da temporada, foram atingidas mais de 600.000 contratações. Um volume de contratações que, a exemplo do ocorrido em anos anteriores, colocou este setor como o principal gerador de empregos do país.

No entanto, este verão, e devido à situação por que passa o planeta, deixou um profundo buraco nas contas registadas pelo referido sector. Segundo estimativas das principais organizações, incluindo a Organização das Nações Unidas (ONU) ou a Organização Mundial do Turismo (OMT, dependente da primeira), hoje o setor de turismo, globalmente, pode chegar a perdas recordes que podem ultrapassar 300 bilhões de dólares. Tudo isso devido a um colapso sem precedentes na história desse setor, que coloca em risco milhões de empregos que, globalmente, dependem desse setor.

Um grande setor

Quando paramos para analisar o impacto do setor de turismo em nossa economia, poucos deixam de lado o que os dados oferecem sobre isso. E é que, segundo os últimos dados publicados pelo World Travel and Tourism Council (WTTC, por sua sigla em inglês), o setor de turismo, com uma representação de 10,4% do PIB mundial, é um dos setores com maior contribuição para este indicador. Pois bem, com uma contribuição aproximada de 8'8 bilhões de dólares, o setor de turismo se posiciona, entre outros, como um dos setores que mais crescem no mundo, sendo superado apenas pela indústria manufatureira. É claro que está bem à frente de outros setores de grande importância, como serviços financeiros, saúde ou tecnologia.

De acordo com os últimos relatórios da OMT, estamos falando de um setor que movimenta cerca de 5 bilhões de dólares por dia. Por sua vez, a soma das receitas do turismo estrangeiro em todo o mundo, bem como o agregado que representa o custo do transporte de passageiros no mundo, gerou cerca de 1,7 trilhão de dólares no ano passado. Isso, além do fato de que no ano passado também registrou mais de 1.400 milhões de chegadas de viajantes internacionais em todo o mundo, mostra a importância desse setor para a economia.

Além disso, tendo-o destacado anteriormente, estamos perante um setor que, historicamente, tem se mostrado mais resiliente aos eventos decorrentes da evolução do ciclo econômico. Pues, en contraste, mientras que otros sectores se mostraban en situación de contracción ante las crecientes incertidumbres o shocks que han ido dañando la economía en años anteriores, el sector turístico ha sido el único sector que ha estado creciendo, además de hacerlo de forma ininterrumpida , ano após ano. Situação que a leva a se posicionar como um dos setores de crescimento mais rápido no mundo.

Se a isso se soma o fato de que, além disso, estamos falando de um setor que, segundo os números, responde por 20% de todos os novos empregos gerados no planeta desde 2013, bem como o fato de que cerca de 10% da população mundial está ocupada neste setor, restam poucos motivos para continuar a ignorar um motor econômico como, à luz dos dados, mostra o setor de turismo. Pois bem, diante de tal situação, a OMC justifica em 2,8% a queda do PIB mundial provocada por esse setor.

Milionários perdem

Considerando o atual verão, e em função da situação gerada pela COVID, estamos falando de uma previsão de perda atípica para o setor.

Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), o setor de turismo, globalmente, levando em consideração as perdas registradas no setor nos últimos cinco meses da pandemia, já atinge prejuízos de 320 bilhões de dólares. Nesse sentido, tendo em vista que se trata de um setor que, além disso, representa o terceiro maior setor exportador do mundo - assumindo 7% de todo o comércio global - bem como o fato de estarmos falando de um setor que perdeu mais 50% da sua atividade devido à pandemia, prevendo também uma diminuição agregada das receitas provenientes do turismo que pode chegar a 1,2 trilhão de dólares, estamos a falar de perdas que triplicam as perdas registadas durante a Grande Recessão de 2009.

Isso, além dos prejuízos que essa situação supõe para o emprego, preocupa muito os governantes. Bem, em muitos países, o turismo suporta um grande peso de muitas economias do planeta.

Por fim, pelo fato de se tratar do maior colapso da história desse setor, o emprego que está subordinado a ele, como a renda, corre sério risco. E não estamos falando de um número pequeno, mas de milhões de empregos que, globalmente, dependem desse setor e, diante da deterioração, podem desaparecer. Nesse contexto, uma perda de capacidade produtiva que, de acordo com as previsões da ONU, pode levar à perda de mais de 120 milhões de empregos diretos, que estão ligados ao setor de turismo.

Além disso, como dissemos, sem esquecer outro grande elenco de empregos que, indiretamente, sobrevivem graças a este setor. Nesse sentido, a ONU destacou que, da mesma forma, estão em perigo os empregos nos setores associados, serviços auxiliares que, como os serviços de alimentação, empregam 144 milhões de pessoas em todo o mundo.

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