A Espanha tem problemas para economizar?

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Anonim

A economia dos espanhóis não parece estar em boa fase. Os últimos dados do relatório divulgado pela agência de classificação Moody's indicam que a poupança das famílias espanholas caiu para 5,7% da renda, quando antes da crise econômica era de 6%. A Espanha realmente tem problemas com a poupança privada?

A eclosão da crise econômica em 2008 causou um aumento na poupança. Poucos horizontes animadores estavam sendo traçados, marcados pela recessão e pelo desemprego, e diante de circunstâncias adversas, as famílias espanholas reuniram seus recursos para se preparar para o pior. As compras esporádicas de bens, que exigem gastos maiores do que o normal para as famílias, foram postergadas, deixando para outro momento a compra de carros e eletrodomésticos. Tudo isso significou uma redução da dívida das famílias de 80% do PIB para 60%.

Porém, em 2013 houve momentos mais favoráveis ​​para a economia espanhola e, a partir desse momento, a renda das famílias começou a crescer. Uma luz de esperança foi desenhada no final do longo túnel da recessão. Lentamente, os temores foram desaparecendo, melhorando as perspectivas econômicas e as chances de acesso a financiamento.

Boom de crédito ao consumidor

Prova disso é que hoje, diante da perspectiva de um amanhã mais esperançoso do que 2008, os cidadãos mostram-se mais otimistas, de modo que ao invés de destinar parte de sua renda à poupança, gastem com mais alegria e até se endividem, contando em grande parte com o consumidor crédito. E é que nos últimos quatro anos, essa modalidade de crédito cresceu 15%. Entre as razões para o boom do crédito ao consumidor estão as baixas taxas de juros e boas perspectivas econômicas, o que significa que os cidadãos espanhóis não são sobrecarregados com a necessidade urgente de saldar suas dívidas.

Assim, podemos dizer que o cidadão espanhol vive no dia a dia, uma vez que desde 2013 o consumo aumentou 13%. Apesar de tudo, o consumo das famílias ainda está abaixo dos níveis pré-crise.

O notável aumento da demanda por crédito ao consumo não é o único fator que explica a queda das taxas de poupança na Espanha. A reforma trabalhista implementada em 2012 implicou uma maior flexibilidade e implicou uma diminuição dos custos laborais. Em outras palavras, com salários mais baixos, os espanhóis se dedicaram a atender às suas necessidades básicas, portanto, tiveram menos renda para gastar com a poupança. Nesse sentido, devemos citar os baixos salários de entrada para quem entra no mercado de trabalho, uma vez que registram queda que oscila entre 15% e 20%. Com um salário médio de 24.864 euros segundo informações da Agência Tributária, poupar não é propriamente uma tarefa fácil.

A estrutura da população e os tipos de famílias também influenciam o valor da renda destinada à poupança. Tenhamos em conta o grande número de jovens e famílias monoparentais, cuja capacidade de poupança é muito inferior à de um agregado familiar tradicional.

Economia financeira versus economia imobiliária

Não podemos esquecer o tipo de poupança em que aposta uma parte importante da sociedade espanhola. Contra a poupança financeira encontramos a chamada “poupança imobiliária”, ou seja, o investimento em habitação como forma de poupança.

Em Espanha é comum o recurso à casa própria, uma vez que é um bem que se revaloriza ao longo do tempo e também pode ser deixado como herança. A prova da importância do investimento em habitação é que, em Espanha, 40% das famílias possuem uma segunda propriedade. Mas investir em imóveis tem seus inconvenientes, como a falta de liquidez para fazer frente a dívidas urgentes, a limitação que acarreta para exigir mobilidade de mão de obra e o grande endividamento que pode acarretar em um empréstimo hipotecário.

Embora nem todos tenham acesso à poupança imobiliária, os grupos mais vulneráveis, como os jovens e os desempregados, têm dificuldades reais no acesso ao crédito hipotecário com o qual podem financiar a compra da sua casa.