Panamá, país-chave na estratégia comercial da China

O Panamá é um país da América Central com uma pequena extensão territorial se compararmos com a China. No entanto, sua localização geográfica estratégica e a importância do canal que o atravessa fizeram com que os chineses concentrassem sua atenção no Panamá. Na relação China-Panamá, geopolítica e economia estão intimamente ligadas.

Conectar os oceanos Atlântico e Pacífico para tornar a navegação marítima e o comércio mais fluidos foi uma ideia que se materializou em 1914 com a inauguração do Canal do Panamá. Essa estreita faixa de água que atravessa o país centro-americano é uma rota curta e econômica que tem um grande impacto no comércio internacional. Prova disso é que 6% do comércio marítimo mundial passa pelo canal.

Interesses comerciais chineses

Interesses geopolíticos e econômicos caminham juntos e a China decidiu aumentar sua presença em uma região de tradicional influência americana. Os chineses optaram por estabelecer relações comerciais com os panamenhos. A decisão foi motivada desde que o Panamá rompeu relações com Taiwan, que mantém uma relação tensa com Pequim.

A presença chinesa já se fazia sentir. Depois dos Estados Unidos, a China é o segundo maior fornecedor de produtos do Panamá. Os negócios eram comuns entre panamenhos e chineses, por isso era questão de tempo até que os dois países acabassem oficializando a situação. Como sinal dessa disposição de institucionalizar o comércio, o Panamá e a China firmaram um total de 19 acordos de cooperação em 2017. Esses acordos tratam de temas como comércio marítimo, agricultura, investimentos ou veículos elétricos.

Pois bem, o resultado dessa série de acordos de cooperação será um acordo comercial bilateral que deve começar a ser negociado no segundo semestre de 2018.

O Panamá é um centro financeiro de grande importância, mas o que realmente motiva a China a estabelecer laços comerciais é que o pequeno país centro-americano, pela sua localização geográfica, oferece uma plataforma imbatível para o envio de mercadorias para a América do Sul e do Norte.

Um papel muito importante no comércio internacional é desempenhado pela Zona Franca de Cólon, que é um território no qual existem isenções no pagamento de certos direitos de importação de mercadorias. A Zona Franca de Colon, localizada no Panamá, opera de forma autônoma em relação ao estado panamenho. Têxteis, calçados, medicamentos, produtos químicos e aparelhos elétricos, entre outros, chegam por meio de tão importante porto vindos de Cingapura, Estados Unidos e China. Assim que chegam ao Panamá, é comum que esses produtos sejam exportados para outros países da América Latina.

É evidente que tanto o Panamá quanto a Zona Franca de Cólon têm despertado o interesse da China, que por meio de um acordo bilateral buscará uma forma mais econômica de comércio com a América Latina.

A relação comercial entre o Panamá e a China

A negociação não funciona apenas em uma direção. As relações comerciais tendem a desenvolver-se em situação de interdependência, permitindo que cada país se especialize em produzir aquilo em que é mais eficiente. Assim, o Panamá se destaca pela exportação de matéria-prima para a China. Dentre essas matérias-primas podemos citar: café, cobre, madeira, forragens, carvão, couro e alumínio.

A relação entre o Panamá e a China, apesar de não ser regulada por um acordo comercial bilateral, tem sido muito proveitosa. O que prova isso são as importações da China para o Panamá, que passaram de um valor de 167 milhões de dólares em 2006 para um total de 1.070 milhões em 2016. No entanto, as exportações do Panamá para a China não registraram números tão espetaculares (US $ 35,5 milhões em 2016).

Geralmente, no comércio com um gigante como a China, é difícil apresentar uma balança comercial com saldo positivo. O caso do Panamá o atesta, pois o país centro-americano apresenta um déficit nas relações comerciais com a China.

Procurando melhorar sua situação comercial em relação à China, o Panamá espera que a futura assinatura de um acordo comercial bilateral lhe permita maiores facilidades no acesso ao colossal mercado chinês.