O caminho para o seguro-desemprego europeu

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O caminho para o seguro-desemprego europeu
O caminho para o seguro-desemprego europeu
Anonim

O desemprego, junto com a inflação, é um dos problemas econômicos mais dramáticos. A perda do emprego é sempre dolorosa e, como rede de segurança, existe o seguro-desemprego. É um benefício que os trabalhadores recebem para sobreviver enquanto procuram um novo emprego. Precisamente no caminho para a integração europeia e as reformas futuras, foi debatida a possibilidade de estabelecer um seguro de desemprego europeu.

A grande recessão de 2008 teve efeitos profundos nas economias europeias. Uma das consequências mais dolorosas foi o aumento considerável das taxas de desemprego. Por esta razão, a partir da União Europeia, como medida de protecção para aqueles que sofrem a perda do seu emprego, foi proposta a criação de um subsídio europeu. A ideia não é nova, pois já emergia em 2012 no chamado “relatório dos quatro presidentes”, que buscava reformas na Europa para fazer avançar objetivos como crescimento, estabilidade econômica e emprego.

Razões para o seguro-desemprego europeu

A razão desta medida reside nas consequências das recessões económicas. A experiência tem mostrado que, em face de uma crise, o estado de bem-estar sofre cortes significativos, especialmente em áreas como educação, investimento e seguro-desemprego. Dessa forma, os países mais afetados por uma crise não precisariam realizar cortes de investimentos para pagar o seguro-desemprego.

É claro que a criação de um seguro de desemprego europeu visa amortecer os efeitos sociais de uma crise econômica. Além disso, se esta medida tivesse sido aplicada durante a crise, a Espanha, então assolada por elevadas taxas de desemprego, teria recebido ajudas no valor de 2,5% do seu Produto Interno Bruto. Em contraste, a Alemanha, como vanguarda da economia europeia, teria de contribuir com apenas 0,02% de seu PIB por 22 anos. É claro que essa medida seria de grande ajuda para os países mais afetados pelo desemprego, enquanto as economias mais dinâmicas não precisariam fazer grandes esforços.

Financiamento, operação e países beneficiários

Para poder pagar esta iniciativa, seriam necessários cerca de 55.000 milhões de euros. 80% desses montantes viriam de contribuições de todos os estados membros da União Europeia, enquanto os 20% restantes seriam financiados pelo orçamento comunitário.

Agora, qual seria o impacto dessas contribuições nas economias europeias? Cada país deve contribuir com valores que variam entre 0,1% e 1% do Produto Interno Bruto nacional.

Para ter acesso ao seguro desemprego europeu, seria necessário que a taxa de desemprego crescesse mais de 0,2% em relação ao ano anterior. Neste primeiro caso, os recursos seriam retirados da contribuição própria. No entanto, se a taxa de desemprego aumentar mais de 2% em relação ao ano anterior, será possível acessar recursos de contribuições da comunidade.

Na pior das hipóteses, supondo que a caixa econômica entrasse em situação de déficit, a emissão de títulos seria permitida. Nesse caso, os países com maiores déficits deveriam assumir maior responsabilidade, o que implicaria em maiores contribuições.

Na atual situação econômica, os países europeus que mais poderiam se beneficiar do seguro-desemprego europeu seriam a Espanha e a Grécia. Tudo isto se deve ao fato de que a Espanha tem uma taxa de desemprego de 14,1%, enquanto a economia grega deve enfrentar uma taxa de desemprego de 18%. Sem dúvida, são taxas de desemprego muito mais elevadas em comparação com 7% na União Europeia.

Veremos se, com o tempo, o seguro-desemprego europeu se tornará mais uma etapa no longo e complexo processo de construção política e econômica na Europa.