Argentina: uma economia quebrada pela dívida

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Anonim

A dívida na Argentina já é um grande problema para o país. Após séculos de história, o nível de endividamento do país tornou-se insustentável, conforme indica o Fundo Monetário Internacional (FMI).

A Argentina continua na incapacidade de resolver os grandes problemas econômicos que, como país, atravessa. Os grandes problemas que abalam o país em termos de endividamento abalam a economia argentina, que enfrenta, mais uma vez, um grande problema e do qual há anos não sai. E é que, desde o resgate do Fundo Monetário Internacional (FMI), após o pedido de Macri de saneamento das contas públicas, o governo argentino sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria que enfrentar uma reestruturação de suas contas e de sua dívida.

A dívida da Argentina representa um dos principais problemas que os sucessivos governos que lideraram o país tiveram que enfrentar. A “pesada herança”, como os diferentes governos se referem à dívida quando chegam ao poder, continua a ser o principal obstáculo que os diferentes governos tiveram de enfrentar. Um obstáculo que, de uma forma ou de outra, tem sido uma grande limitação para a ação governamental, dados os níveis de endividamento.

A dívida da Argentina já ultrapassa os 300 bilhões de dólares. Um imenso nível de endividamento que coloca o país como o país da América Latina com os maiores níveis de endividamento. E, estamos falando de um nível de endividamento que já atinge 98% do Produto Interno Bruto (PIB), após os sucessivos aumentos que vêm agravando exponencialmente a situação da dívida no país. Um problema que arrasta o país há anos e que, segundo o FMI, não pode mais ser adiado novamente.

Segundo a agência, a dívida do país, seu nível de endividamento, não é mais sustentável. Portanto, do corpo polêmico, eles foram contundentes sobre este assunto. A Argentina deve fazer uma baixa com seus credores e acabar com os aumentos do nível de sua dívida. O país deve pagar seus compromissos de dívida, mas sua capacidade de pagamento mostra uma impossibilidade. Diante disso, a agência tem agido com firmeza, apostando em uma "renegociação definitiva", dada a situação financeira insustentável do país.

Uma herança pesada

Conforme definido pelos diferentes governos que sucederam ao poder na Argentina, a dívida pública tornou-se, como dissemos, um dos grandes problemas que os diferentes governos tiveram que enfrentar. E é que o problema não vem do resgate de que precisava o Governo de Mauricio Macri, mas que já no século 19, a Argentina começou a desenvolver um problema que, hoje, se tornou o principal mal que enfrenta sua economia.

Desde 1826, a Argentina - então com Bernardino Rivadavia como ministro da Economia - solicitava, mesmo sem se chamar Argentina, seu primeiro empréstimo em moeda estrangeira. Um empréstimo de £ 1 milhão para uma empresa britânica (Baring Brothers & Co), que o país levou quase um século para pagar. Uma dívida que, como digo, foi liquidada após um século de novo endividamento, e com uma redução de 50% da dívida com os ingleses.

E é que, com o passar dos anos, os diversos governos que passavam pelo país continuaram a engordar uma dívida que passaria dos milhões de libras que foi pedido ao país anglo-saxão, aos 38 milhões de libras, que o país se acumularia durante o ano de 1880, após os diversos pedidos de dívidas a franceses e alemães. Mas a espiral crescente da dívida argentina não terminaria aí, pois no início do século XX a dívida argentina já se aproximava dos 80 milhões de libras, após ter continuado a aumentar seu endividamento ao longo dos anos.

Um século de endividamento

O século 20, para a Argentina, não só começou com um alto nível de endividamento, depois de acumular uma dívida próxima de 80 milhões de libras. Em vez disso, durante este século, a dívida não parava de crescer e se multiplicar exponencialmente, atingindo níveis nunca antes vistos para a economia argentina. Níveis que, ao longo dos anos, levaram o país a se posicionar como a economia latino-americana com maior nível de endividamento.

Após a entrada do país no Fundo Monetário Internacional, em 1950, os militares que estavam no governo multiplicaram por 18 vezes o nível da dívida argentina. E é que, apesar de ter reduzido o nível de endividamento a 57 milhões de dólares, durante o governo militar, a Argentina aumentou sua dívida a níveis próximos a 1 bilhão de dólares. Estamos falando de um crescimento que, como se vê, é imensamente exponencial.

Mas, novamente, os problemas não pararam por aí. Durante as décadas de 60 e 70, com a volta dos militares ao poder, a economia argentina voltou a viver um novo período de grande endividamento. Para se ter uma ideia, estamos falando do fato de que a economia argentina, em apenas duas décadas, multiplicou seu nível de endividamento por 40. Ou seja, em 20 anos, a economia argentina passou de um endividamento “moderado” a um endividamento que, no início da década de 1980, era de US $ 44 bilhões. Um nível de endividamento que acabou gerando um grande Default, arrastando o país para um colapso econômico durante o ano 89.

Durante a década de 1990, com o colapso e a chegada dos peronistas ao poder, os níveis de endividamento não só não diminuíram, como continuaram a aumentar. A história interminável da dívida argentina levou o país a, para conter a hiperinflação que vivia, fixar a paridade de sua moeda com o dólar, bem como triplicar seus níveis de endividamento, situando-os em 150 bilhões de dólares. . Em questão de anos, a Argentina triplicou novamente sua dívida, o que levaria a um novo colapso em 2002. Um colapso conhecido como "o grande calote".

Uma dívida insustentável

Depois de um século XX de grande endividamento, como vimos, o século XXI não significou uma grande mudança para a economia argentina. Estamos falando de como, na fase de Kirchner, a dívida da Argentina passou de 180 bilhões de dólares para 240 bilhões de dólares. Níveis de dívida que, embora em termos reais e em relação ao PIB, foram notavelmente reduzidos, mas que continuaram a aumentar o peso de uma dívida imparável e que continuava a crescer.

E é que, com a chegada de Mauricio Macri ao poder, o resgate por ele solicitado ao FMI colocou a dívida argentina em 320 bilhões de dólares, elevando a dívida do país ao máximo. Uma dívida que já ultrapassava 90% do PIB e que colocava a economia argentina em uma situação muito complicada em termos de endividamento, além de limitada pela impossibilidade de assumir mais dívidas, bem como de fazer frente a dívidas do passado credor.

Isso fez com que o Fundo Monetário Internacional, dada a situação que o país atravessava nos últimos anos, tivesse que intervir, buscando uma solução para resolver aquela que seria a maior dívida de todo o continente latino-americano. Uma situação em que o FMI está imerso, já no nosso presente. O organismo multilateral, diante da dívida insustentável, tem mediado na busca de soluções para tirar o país de um problema que, neste momento, não poderia piorar.

Entre as medidas adotadas, a agência tem promovido um saque com credores privados, uma vez que, embora a vontade da Argentina seja pagar a dívida e saldá-la, a capacidade de pagamento do país é severamente limitada, incapacitando o país de fazê-la situação tremenda. A situação que atravessa a Argentina, com um PIB em recessão, tem agravado a incapacidade de fazer frente aos níveis de endividamento, fazendo com que a necessidade de renegociação como única saída.

Uma renegociação que está em andamento, com a presença do FMI para conversar com os detentores da dívida argentina e poder chegar a acordos de haircut que permitam que os níveis de dívida no país sejam mais sustentáveis. Níveis de endividamento que sufocam sua economia, causando uma situação bastante complicada para um país que, como vemos, está se esgotando de todas as vias para sair do grande atoleiro em que "a pesada herança" os colocou de lado.