A OCDE prevê recuperação econômica, mas com nuances

A OCDE reedita seu indicador composto. Um indicador que oferece uma clara recuperação da economia global, mas com nuances que devem ser analisadas.

Nas últimas semanas, em resposta a uma crise sem precedentes como a que nos está a acontecer, foram publicados muitos relatórios, bem como indicadores, que procuram esclarecer o futuro incerto que se avizinha. Um futuro que, aos olhos dos dados recolhidos pela actividade económica nos diferentes países afectados pela pandemia, é muito pessimista e com um excessivo grau de incerteza que dificulta o processo de estudo e análise.

Tamanha é a dificuldade que, levando em consideração as diversas afirmações de alguns dos mais conceituados economistas acadêmicos do país, o comportamento da pandemia é tão volátil e imprevisível que o fato de se tentar projetar variáveis ​​com prazos superiores a dois dias o torna tornou-se uma missão impossível.

No entanto, dependendo da organização e instituição que realiza este relatório, ele terá maior ou menor aceitação por parte desses economistas de destaque, bem como da própria sociedade civil. Dentre esses relatórios, destaca-se o de indicadores antecedentes, publicado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Neste relatório, é escolhida uma série de variáveis ​​que, como veremos a seguir e aplicando diferentes modelos, procuram projetar o comportamento futuro da economia, tendo como objetivo antecipar os possíveis acontecimentos que a economia em questão terá de enfrentar.

Os Indicadores Antecedentes são compostos por uma série de indicadores cíclicos, a maioria dos quais ajustados de acordo com sua sazonalidade. Alguns dos indicadores selecionados para o cálculo são os de horas trabalhadas, alvarás de construção, pedidos de subsídio de desemprego, encomendas de bens duradouros, evolução da bolsa, agregado monetário M2, índice de expectativas de consumo, entre outros.

O objetivo de divulgar e analisar esses indicadores, além de ser a razão pela qual recebem esse nome, é antecipar o ciclo real de 6 a 12 meses. Para isso, trata-se de buscar tendências de longo prazo no índice que tentem prever momentos de inflexão nas diferentes economias que compõem o organismo multilateral. Anteriormente, a regra geral era que três meses consecutivos de quedas no índice sinalizam recessão em um ano, enquanto, por outro lado, se houver três altas consecutivas, podem estar sinalizando uma recuperação.

Uma recuperação com nuances

Assim, uma vez que sabemos o que são esses indicadores, o que medem, bem como o objetivo para o qual são realizados, é necessário destacar o que nos diz o último relatório publicado.

Nesse sentido, os dados oferecidos por esses indicadores para o mês de julho, se olharmos em uma visão geral e contrastarmos com os meses anteriores, mostram um melhor desempenho futuro das diferentes economias do planeta. Um melhor desempenho das economias no futuro devido à previsão estabelecida de que a referida pandemia, nos próximos meses, perderá intensidade; aliás, permitindo o retorno à normalidade, no que diz respeito à atividade econômica. Normalidade que, de acordo com o gráfico abaixo, é antecipada para o conjunto das economias da OCDE, bem como para a Zona do Euro.

Assim, este indicador para o conjunto dos países que compõem a OCDE a nível internacional mostra uma clara recuperação das expectativas, o que o levou a crescer de 97,04 pontos para 97,98 pontos. Uma recuperação que melhora significativamente as expectativas para o conjunto de economias que compõem esta organização. Por outro lado, selecionado o conjunto das economias europeias que compõem o referido órgão, o indicador situou-se em 97,11 pontos no mês passado e agora está em 97,91 pontos. Por fim, se a análise for feita com as economias que compõem o G-7, podemos observar uma retomada das expectativas mais marcantes, situando o nível de crescimento do conjunto das principais economias do planeta em 97,91 pontos neste mês, tendo registrado níveis no mês passado que colocaram as expectativas para "o clube dos países ricos" em 96,77 pontos.

Portanto, como podemos perceber, a recuperação é bastante notável e denota uma clara recuperação para as diferentes economias do planeta. No entanto, como o indicador composto também inclui, essa recuperação tem nuances. Pois bem, apesar de uma clara recuperação em relação aos níveis anteriores como um todo, quando analisamos o indicador país a país, economias como a Espanha, por exemplo, mostram uma clara deterioração das expectativas.

Espanha, uma das nuances

Como dissemos, embora a leitura geral ofereça um saldo positivo, como sempre acontece, há exceções que devemos destacar. Exceções que, como a da Espanha, devem preocupar alguns governantes que, analisando os dados que são oferecidos, podem ficar impassíveis diante dessa clara “queda” da economia espanhola. Neste contexto, e ao contrário das restantes economias que integram o bloco comunitário, estamos a falar de uma queda bastante significativa das expectativas para a Espanha. Uma queda que, aliás, está bem abaixo da média internacional, bem como abaixo do conjunto das economias da zona do euro.

Como se pode observar no caso da Espanha, enquanto o conjunto das economias mostra nítidas altas em contraste com os níveis registrados durante o mês de junho, a economia espanhola mostra a maior queda registrada nas economias analisadas pela agência. Nesse sentido, estamos falando de uma queda que coloca a Espanha, além de ser a economia mais prejudicada da OCDE, como uma das poucas economias que, com base em suas projeções, não dá sinais de recuperação nos próximos anos. E é que, após registar uma queda de 0,63 pontos, o que colocou o indicador em 93,72, a Espanha tem sido um dos poucos países que, tendo registado nos últimos meses um nível que se situou nos 94,31 pontos, apresenta uma quebra no seu recente. série histórica.

Tamanha é a magnitude desse evento que, em comparação com economias igualmente prejudicadas - é o caso da Itália - o país peninsular continua liderando as quedas. Assim, levando em consideração os recordes oferecidos por outras economias como França, Itália ou Alemanha, estamos falando de uma melhora das perspectivas, respectivamente, em 0,8, 0,3 e 0,9 pontos. Distanciando assim a Espanha desta esperada recuperação, o que a aproxima de uma recuperação muito mais gradual como já ocorreu em crises anteriores.

Concluindo, estamos falando de uma situação que, apesar de passar despercebida, não devemos ignorar. Analisar, como ele diria, o "quadro geral" pode nos confundir. Pois bem, como se pode ver, o que a priori é uma leitura positiva para todas as economias, torna-se um verdadeiro fiasco quando cada país é analisado separadamente.

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