Quando se fala em bolsa, temas como investimento em matérias-primas, empresas de tecnologia, montadoras ou bancos são frequentemente abordados. No entanto, os mercados não ficam muito atrás e agora é possível investir em cannabis. A polêmica espécie herbácea atraiu a atenção de muitos investidores ansiosos por obter retornos substanciais.
A maconha tem sido associada a atividades ilegais. Porém, a cada vez são os países que legalizaram sua venda e consumo. Holanda, Uruguai, África do Sul e o recente caso do Canadá são exemplos de países que permitem seu consumo para fins terapêuticos e recreativos. Mesmo em vários estados dos Estados Unidos é possível consumir cannabis, desde que seja usada para fins medicinais.
Altas expectativas
Assim, a legalização da cannabis na América do Norte gerou grandes expectativas e atraiu o interesse de muitos investidores. As expectativas de crescimento são impressionantes no setor e o consumo de cannabis deverá aumentar consideravelmente nos próximos anos. Se, segundo a consultoria BD Analytics, o valor do negócio da cannabis foi estimado em 9,5 bilhões de dólares, a previsão é que em 2022 ele aumente para cerca de 32 bilhões de dólares.
É claro que a progressiva legalização da cannabis traz boas perspectivas de crescimento e que, com ela, atrai novos investidores. As empresas que cultivam, tratam, distribuem e vendem cannabis estão vendo o valor de suas ações aumentar. As previsões mais do que promissoras estão causando um crescimento constante de seu preço na bolsa de valores. Tomemos como exemplo os casos de dois grandes produtores de cannabis: as ações da Canopy Growth Corp aumentaram 680%, enquanto as da Aurora Cannabis aumentaram 340%, considerando todos os últimos dezoito meses.
Empresas de bebidas se juntam ao setor de cannabis
As boas expectativas oferecidas pelo mundo da cannabis fizeram com que empresas como a Coca Cola se interessassem pela comercialização de bebidas com infusão de canabidol. Além do mais, outras empresas tradicionais de bebidas, incluindo as cervejarias Constellation Brands e AB InBev, que, vendo novas oportunidades, correram para investir ou fechar negócios com grandes empresas produtoras de cannabis.
O índice da maconha
Diante de retornos tão impressionantes, muitos investidores estão se perguntando como investir em cannabis. Bem, a resposta está no chamado "índice da maconha". O índice norte-americano da maconha é formado pelas principais empresas americanas que se dedicam ao cultivo, produção, distribuição e comercialização de derivados da maconha e do cânhamo. Aqui encontraremos as empresas mais poderosas do mercado, como Canopy Growth Corp, Aurora Cannabis e GW Pharmaceutics. O gráfico a seguir mostra a evolução do Índice de Maconha da América do Norte nos últimos três anos.
Em atividade desde 2013, o Índice Global de Cannabis é revisado trimestralmente e também representa um número considerável de empresas de cannabis. Outro índice a ter em consideração é o Green Market Report Index, que agrupa trinta empresas, principalmente dedicadas à cannabis, todas com base no seu valor de mercado e rendimento.
Embora seja verdade que as maiores empresas de cannabis estão listadas no Canadian North American Marijuana Index, também existem empresas listadas em Wall Street. Muitos se perguntarão como as empresas do setor da maconha podem ser listadas nas bolsas de valores dos EUA. Bem, embora sua atividade não seja permitida pelas leis em território nacional, se operarem fora do país, podem ser listados nos mercados dos Estados Unidos.
Tambem na europa
Embora a maioria das restrições ainda não tenha sido suspensa na maior parte da Europa, o uso de maconha para fins medicinais está sendo permitido. Assim, em 2018, na Grã-Bretanha, descobrimos que a Sativa Investments, dedicada à maconha para fins terapêuticos, entrou na bolsa. O avanço das empresas de cannabis não parou e já em outubro do ano passado a dinamarquesa Steno Care foi a primeira empresa a ser listada nas bolsas de valores europeias.
Avalie os riscos
Agora, nem tudo que reluz é ouro. Investir no setor de cannabis parece oferecer retornos interessantes, no entanto, também existem riscos e ameaças que devem ser avaliados com antecedência. Calcular o tamanho do mercado atual de cannabis torna-se francamente complicado e o valor de mercado dessas empresas é estabelecido com base em previsões de longo prazo. O problema é que os mercados são movidos mais pela especulação de curto prazo do que pelas expectativas de longo prazo.
Também não devemos esquecer que uma segunda ameaça vem de possíveis restrições legais à cannabis. Se os legisladores decidirem manter as proibições ou mesmo estendê-las, é claro que essa notícia causará uma queda significativa no valor das ações das empresas produtoras de maconha.