Os níveis de dívida na América Latina são sustentáveis?

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Os níveis de dívida na América Latina são sustentáveis?
Os níveis de dívida na América Latina são sustentáveis?
Anonim

A dívida na América Latina representa, em muitas ocasiões, uma verdadeira dor de cabeça para os governantes. A fragilidade institucional desses países acaba comprometendo o pagamento dos mesmos.

Se pararmos para observar o cenário econômico da América Latina, ao mesmo tempo em que falamos de um grupo de países com maior número de economias emergentes, estamos falando também de fragilidades internas que comprometem a capacidade de crescimento do país. A América Latina é uma região com grandes riquezas, mas que continua a ser ameaçada por uma série de variáveis ​​que não deixam de ameaçar o próprio crescimento e desenvolvimento da região. Variáveis ​​entre as quais podemos incluir a fragilidade das instituições, corrupção ou catástrofes naturais que têm assombrado os países do triângulo setentrional da América Central.

Nos últimos anos, grandes países da América Latina e Central abriram suas fronteiras, estabelecendo acordos comerciais com novos parceiros que, no passado, não mantinham. O melhor caso a analisar é o do México. Um país que deixou de ser mais uma economia centro-americana para se posicionar como o principal parceiro comercial dos Estados Unidos, com um produto interno bruto (PIB) continuamente dependente do comércio global. Um cenário em que a negociação do país asteca merece destaque em um momento em que China e Estados Unidos mantinham a grande disputa comercial que espreita o comércio internacional com o planeta.

E é que, embora em certos aspectos a economia latino-americana continue melhorando seus processos, ainda há muitas incógnitas a resolver. Incógnitas que, como mencionamos anteriormente, acabam atrapalhando o crescimento do próprio país. Aspectos como a corrupção, a fragilidade dos governos em matéria fiscal, a fragilidade das instituições ou, em muitas ocasiões, a vulnerabilidade dos próprios governos, decorrentes desta tendência política caracterizada pela hiper-liderança nos partidos, favorecem estruturas políticas mais fracas e frágeis do que em outros países ocidentais.

No entanto, podemos ver que esforços foram feitos para acabar com a situação. Não podemos dizer que a situação é a mesma de há 50 anos, embora possamos afirmar que nem todo o trabalho está feito. A simples notícia que conhecemos há poucas semanas, de um traficante de drogas colocar o Governo do México nas cordas, obrigando as forças de segurança a libertar o criminoso, continua a representar um problema para a confiança institucional e internacional dos países que compõem o região. Também não podemos esquecer outras situações tão decepcionantes como o caso da Venezuela ou da Bolívia, onde os conflitos políticos levaram os dois países a situações bastante tortuosas.

Economias com grande potencial de crescimento, mas muito fracas

Sem generalizar, muitos países que compõem o grupo apresentam boas taxas de crescimento real, impulsionados, talvez, pelo seu caráter emergente e pela capacidade de gerar novos fluxos de crescimento, sendo este o caso do México. A capacidade destes países, localizados de forma a fazerem parte da estratégia de muitas empresas que pretendem se abrir aos Estados Unidos, bem como daquelas que desejam entrar na Europa pelo factor da língua partilhada com Espanha, leva-os a estarem sempre no foco de interesse de muitas outras economias.

No entanto, apesar de ser um grande foco de atração de investimento estrangeiro direto (IED), a grande capacidade de atração, em muitos casos, é diminuída pela incapacidade de muitos governos de combater aqueles aspectos que violam as garantias dos investidores. La corrupción, así como la inseguridad jurídica que aporta la debilidad de las instituciones, acaban siendo una detractor para esta inversión extranjera, al no tener, el país, la capacidad total de garantizar el capital de la inversión, así como el correcto desarrollo del negocio no país. Do assalto à cobrança de taxas indevidas, acabam jogando o investidor nas mãos de outros países com maiores garantias.

Uma vergonha tremenda, já que muitos países latino-americanos apresentam taxas de informalidade muito altas em suas economias. El Salvador, por exemplo, tem cerca de 72% de seus negócios na economia informal. Isso é um entrave completo, uma vez que os governos não têm a capacidade de tornar eficiente e eficaz sua própria arrecadação de impostos no país. Uma cobrança que, por outro lado, acaba comprometendo o próprio país, seu crescimento e o bem-estar dos próprios cidadãos, já que a falta de recursos impede os governos de cumprirem suas obrigações de pagamento com os fornecedores, seus serviços públicos básicos. , bem como com seus credores.

Os níveis de dívida são sustentáveis?

Se observarmos os níveis de endividamento da América Latina, ao mesmo tempo em que observamos a grande disparidade que alguns países como Argentina ou Venezuela apresentam com os demais países membros, também podemos observar que a dívida média no conjunto pode ser próxima a 69%. no PIB. Ou seja, os níveis de endividamento da América Latina, ao contrário de países como Espanha (99%), Portugal (121%), Itália (132%) ou Grécia (176%), não são excessivamente elevados. Em contrapartida, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), a dívida de países como a Colômbia representa 51% do PIB, enquanto em outros países mais liberalizados, como o Chile, os níveis de endividamento estão em torno de 27%.

Isso, a priori, não é um problema. No entanto, vale lembrar o que falamos no parágrafo anterior, visto que os altos níveis de corrupção no país, onde a economia informal representa um grande percentual da própria economia, o compromisso com os compradores de dívidas, em um cenário de juros maior do que em outros países, eles representam um grande problema. Ou seja, os elevados custos da dívida na América Latina, somados à fragilidade fiscal das instituições devido aos elevados níveis de informalidade econômica, acabam comprometendo o próprio governo, que se vê obrigado a pagar juros mais elevados pelo financiamento próprio. . Especificamente, o custo médio da dívida pública na América Latina é 2,5 vezes maior do que na Zona do Euro, considerando os últimos dados disponíveis do Banco Mundial.

Esta situação, em que, em princípio, não vemos níveis de endividamento alarmantes, pelo simples facto de termos uma estrutura tão fraca das instituições, os níveis de endividamento, apesar de baixos, representam aquele problema que referimos. Por isso, os governos desses países membros devem ter maior cautela com os níveis de endividamento, já que pudemos observar como, há alguns meses, o próprio FMI teve que atender ao resgate do Equador para sanear suas contas públicas. , apresentando níveis de endividamento próximos a 50%. Para finalizar com o exemplo do contraste, algo que não aconteceu na Espanha, por exemplo, onde com uma dívida de 99% do PIB, o país tem um prêmio de risco muito menor, além de uma situação financeira melhor e mais estável.