O Império Espanhol, uma potência falida

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O Império Espanhol, uma potência falida
O Império Espanhol, uma potência falida
Anonim

O Império Espanhol foi um dos maiores da humanidade, sendo a grande potência econômica durante os séculos XV e XVI. Na época do monarca Felipe II dizia-se que seu Império era tão extenso que em seu reinado o sol nunca se punha. Porém, por trás dessa monstruosa extensão territorial estava um Estado falido, uma grande dependência do comércio com as colônias e grandes tensões sociais e políticas em decorrência dos problemas econômicos que assolavam o Império. Analisamos a história econômica que levou à ruína um império.

O obscurantismo da Idade Média foi seguido pelo Renascimento, uma época de esplendor em todos os aspectos e, claro, também na esfera econômica. A Espanha consolidou-se como a grande potência mundial. Nesse sentido, as terras de Castela eram de grande importância, cuja atividade econômica mais importante era a agricultura. As terras dedicadas ao cultivo foram ampliadas, porém, esbarraram nos interesses dos pecuaristas, pois viram reduzidas as pastagens para seus rebanhos.

A pecuária era uma atividade-chave junto com a agricultura, uma vez que a lã espanhola era exportada para o norte da Europa a partir dos portos da Cantábria. Esta atividade comercial enfrentou dificuldades quando eclodiram conflitos com holandeses e ingleses. Pelo contrário, no Mediterrâneo, o comércio de lã com os mercados italianos aumentou.

Expansão mundial do império

Um evento chave no desenvolvimento do comércio foi a descoberta da América em 1492. A subsequente conquista do continente americano causou um aumento na atividade comercial com as colônias. Havia monopólio comercial através da Casa de Comércio de Sevilha, ou seja, qualquer comerciante que quisesse realizar qualquer transação com o mercado americano tinha que recorrer a este órgão. A grande procura de manufaturas da América fez com que a atividade artesanal vivesse um período de expansão.

Enquanto isso, metais preciosos como ouro e prata chegaram à Europa vindos da América, vitais para o Império Espanhol sustentar suas onerosas guerras europeias. A chegada maciça de prata da América teve consequências negativas, como o aumento da inflação na Europa. Por outro lado, o comércio de especiarias e matérias-primas também aumentou.

Começo de declínio

Na segunda metade do século XVI, durante o reinado de Felipe II, ocorreram os primeiros sintomas de declínio político e econômico. A inflação e os impostos sobre o campesinato aumentaram causando o abandono de terras e rebanhos.

Manter um império tão vasto como o de Filipe II exigia grande capacidade econômica e as constantes guerras contra a França, a Inglaterra, as Províncias Unidas e os Otomanos eram um dreno para o estado. Raramente a receita atingiu o volume das despesas e muitos dos navios vindos da América com metais preciosos foram assaltados por corsários ingleses como o temível Francis Drake.

Tanto Carlos I quanto Felipe II, por dificuldades de arrecadação, tiveram que recorrer à criação de novos tributos, empréstimos com grandes banqueiros e emissões de dívida pública. Apesar da chegada de metais preciosos da América, estes foram insuficientes para sustentar as despesas colossais do Império Espanhol. Felipe II foi várias vezes obrigado a declarar a falência do Estado.

Esses problemas econômicos resultaram em agitação social e tumultos no Exército Imperial. Assim, houve muitos soldados que se rebelaram por não receberem seu pagamento.

Já no século XVII, a situação política e econômica do Império Espanhol tornou-se insustentável, aumentaram as diferenças sociais, estourou a fome, aumentou o número de pobres e o campesinato não conseguiu suportar os elevados encargos dos impostos. Por fim, o Império Espanhol, endividado e derrotado nos campos de batalha, teve que abrir mão da hegemonia mundial em favor de potências como a França e a Inglaterra.