Como a universidade influencia o pensamento econômico?

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Anonim

A disparidade de opiniões no campo da economia questionou a objetividade, em muitas ocasiões, da própria economia. Uma objetividade que, se não atende à extensão do conhecimento, prostitui o rigor e os valores de uma ciência fundamental para o desenvolvimento.

Se você decidir estudar economia ao iniciar sua carreira na universidade, poderá perceber como, com o passar do tempo, toda a sua concepção sobre o que é a economia, para que serve, e por que nasceu a economia, sofrerão variações ao longo de seus anos acadêmicos. Variações tão abruptas que não apenas demonstram a amplitude e extenso campo que abrange a ciência econômica, mas que o empirismo, em muitos casos, é até questionado entre diferentes autores.

E é que, embora não sejamos familiarizados com a economia, a discrepância entre os economistas é algo bem conhecido, bem como questionado, no debate público. Quando ligamos a televisão e vemos economistas falando sobre a situação econômica de determinados países, vemos como, normalmente, sempre tendem a debater posições opostas sobre quais políticas têm maior impacto na sociedade, quais são mais lucrativas, ou, simplesmente, o que é moralmente superior.

Disputas sem fim que ocorrem em todos os países que compõem nosso planeta, já que a heterogeneidade das economias nas diferentes partes do planeta, bem como a estrutura governamental, determinam seu impacto. Lembremos que estamos falando de uma ciência social, para que o comportamento da sociedade, pelo menos, tenha uma influência direta sobre essa ciência; No entanto, a falta de consenso, em muitas ocasiões, reduziu o rigor de uma ciência da qual depende toda a sociedade.

Uma ciência que tem sido objeto de debate e polêmica até pela entrega dos prêmios em memória do renomado Alfred Nobel, conhecidos como Prêmios Nobel. Prémios que não contemplaram a entrega de uma distinção para a área de estudos da economia, mas que, para além do inicialmente previsto, foram originados para distinguir as contribuições nesta área pelo Banco da Suécia. Um prêmio muito polêmico que tem sido acusado de manter uma estreita relação com a doutrina liberal, bem como com um viés ideológico que impede que o prêmio seja medido por suas contribuições para o campo científico.

Uma ciência que discorda

A economia é uma ciência muito díspar, ou melhor, os economistas têm opiniões muito díspares sobre a economia. Ao longo da história, ao longo dos anos, a economia tem sido uma ciência muito dinâmica e mutante. Apesar de os modelos e princípios econômicos manterem certo consenso entre os economistas, a distinção de objetivos os leva a manter um debate contínuo e acalorado sobre quais políticas são mais bem-sucedidas na prática econômica.

Um debate acalorado em que idéias muito precisas sobre economia - no papel - se opõem, mas que são continuamente refutadas por situações fracassadas em que os princípios usados ​​foram um fracasso total. Em muitas ocasiões, um debate que partiu da ideologia política dos próprios economistas, mas que, na realidade atual, parece mais típico de uma ignorância generalizada, que dá margem à manipulação e ao engano com base na teoria e na ciência. Um engano que, infelizmente, só pode ser amenizado por meio de formação e conhecimento acadêmico.

Grandes pensadores ao longo da história têm debatido os princípios das diferentes ciências que coexistem em nossa sociedade. Debates que surgiram devido à discrepância entre eles, mas que perduraram no tempo e na história. Alguns debates que nasceram com o surgimento das escolas de economia, que mantiveram posições muito opostas. Entre as mais conhecidas podemos ver as obras de Smith e Marx, que não podem coexistir; justificando o comportamento de que estávamos falando.

Assim, na voz de muitos economistas, esses comportamentos prostituíram a ciência econômica; levando a acreditar que a economia é uma ciência mais filosófica, na qual não existem princípios que regem o rigor acadêmico da ciência econômica. Afirmação totalmente falsa, pois apesar do viés ideológico, a economia mantém o seu rigor. Um rigor que lhe confere a capacidade de realizar contribuições que não só melhoraram a vida das pessoas, mas moldaram a sociedade como a conhecemos.

Conhecimento como fator determinante

Há poucos dias, a professora de economia da Universidade Autônoma de Madrid Marta Martínez Matute (@martammatute) fez uma publicação em sua conta pessoal no Twitter, na qual expôs duas imagens carregadas de terminologia econômica. Duas imagens que continham informações extraídas da consulta aos alunos do curso de Macroeconomia I sobre o que eles pensavam da macroeconomia, bem como seu uso em economia. Na primeira imagem foram expostos os conceitos que os alunos relacionavam à economia no início do curso. Por sua vez, na segunda, foi possível observar os termos que se referiam à economia ao final da disciplina.

Como se pode ver nestas imagens, os termos, apesar de persistirem em certos conceitos muito claramente definidos com a macroeconomia -ver o caso do produto interno bruto (PIB), inflação ou desemprego-, há uma clara diferença entre aqueles que inicialmente os estudantes mencionados, com quem eles finalmente se relacionaram. E estamos falando de um assunto inicial, porque a mudança, apesar da longevidade limitada do assunto, é verdadeiramente abrupta. Os termos, entre as duas imagens, integram um grande número de mudanças que, como refletiu a professora, nos levam a pensar sobre a importância do viés na economia. Resolvido, sim, com conhecimento.

O mesmo se aplica à ciência econômica em geral. Em muitas ocasiões, vemos nossos políticos fazerem declarações sobre o comportamento da economia, nas quais podemos observar o desconhecimento deles. Margaret Thatcher, a um dia primeira-ministra do Reino Unido, foi uma defensora ferrenha do conceito de que os políticos não sabiam economia. No entanto, eles adotaram as políticas que definiriam o curso para isso no futuro. Isso pode nos levar a ter uma ideia da culpa dos políticos nessas questões, já que, em muitas ocasiões, eles são os precursores da ignorância.

Como digo, os discursos partidários, a afirmação de nossas próprias teorias ou a confiança em certas ideologias nos levam a supor, de forma precoce e ousada, que existe um comportamento único da sociedade. Uma uniformidade que, ceteris paribus, contempla um único resultado possível. Porém, quando se pára para estudar a realidade da economia, percebe-se que isso é algo totalmente falso e as variáveis ​​desempenham, na grande maioria dos eventos, um fator determinante.

Para isso, é claro, é necessário o uso de métricas e conhecimentos, não generalizados, da economia. Conhecimento que vai do próprio modelo indutivo ao modelo dedutivo; reúne ciência ortodoxa e heterodoxa, combinando tanto com a métrica quanto com o observatório; e inclui o possível viés total, que pode ser medido ao longo da história com métricas avançadas. O conhecimento, em suma, tenta responder a todas essas incógnitas que, por situações alheias à ciência econômica, são mal utilizadas pelos governos, bem como pelos especialistas.

Apesar de tudo, quando se atende ao espírito crítico e à ciência, na maioria das vezes, podemos ver como o que, a priori, era altamente discutível, agora, com conhecimento suficiente, abriga maior clareza. Da mesma forma que aconteceu com os alunos da Universidade Autônoma de Madrid, que, após um semestre exaustivo repleto de macroeconomia, acabaram por identificar, objetivamente, aqueles termos que, no quadro da ciência, constituem o ramo de estudos da macroeconomia. Um aspecto que pode parecer irrelevante, mas que, como observamos ao longo da história, tem influência direta no desenvolvimento da humanidade.