AMÉRICA LATINA: Digitalização é a chave contra a corrupção

A informalidade econômica na América Latina é um dos principais fardos para o crescimento e o desenvolvimento da região. A digitalização das instituições pode acabar com uma grande porcentagem da corrupção nos países membros.

A América Latina é uma economia com grande capacidade de crescimento. Dentro do que poderíamos chamar de “a lista das melhores economias emergentes do mundo”, muitos dos países que compõem a região latino-americana poderiam ser considerados aptos a ingressar nesse grupo. No entanto, as aparências e fragilidades institucionais nos países que compõem a região, em muitas ocasiões, geram uma sensação mais do que diferente. Uma sensação que diminui esse grande potencial.

A corrupção na América Latina é um grande problema para sua economia. Mas não só para a América Latina, já que a economia informal, derivada dos contínuos casos de corrupção, é um dos grandes ônus para o desenvolvimento e o crescimento econômico. Um país corrupto, por sua vez, tem menos atrativos para atrair investimentos e garantir segurança jurídica para os próprios investidores no país. Ao mesmo tempo, coincidentemente, muitos dos países que têm os maiores casos de corrupção em suas economias, por sua vez, requerem maiores investimentos para alcançar um desenvolvimento maior e mais eficaz.

Desenvolvimento que, em muitos casos, nem chega a se concretizar. O alto índice de informalidade nas economias acaba dificultando a atração de capitais. A falta de garantias oferecidas por esses países com baixos níveis de transparência na gestão acaba gerando um componente detrator para os investidores internacionais, que descartam investir naqueles países que, neste caso, não oferecem garantias de que esse investimento terá segurança e legalidade. no país. Algo que, nos países com altos índices de informalidade econômica, não é percebido.

Esta é a situação que muitos governos em países latino-americanos têm enfrentado. O México, por exemplo, é a maior economia da América Latina; México es una economía con un gran atractivo, a la vez que la posición que ocupa a nivel geográfico le dota de unas ventajas que otros países no tienen, ya que se sitúa en el límite fronterizo con uno de los principales actores en el mercado internacional, Estados Unidos. Essas capacidades conferem-lhe um apelo que, em muitos casos, acaba sendo diminuído pela impossibilidade de reduzir os altos níveis de corrupção.

Os diversos casos de corrupção, a começar por subornos, acabam espantando o capital estrangeiro, que teme estar imerso em conspirações corruptas, onde a rentabilidade do próprio negócio acaba sendo diminuída pelos altos custos da corrupção no país. Custos que, para uma empresa, representam um custo extra a pagar, que nem todos estão dispostos a enfrentar; pelo menos quando há outras economias que estão abordando isso de uma forma mais legítima. Um problema que assombra a economia, mas para o qual ainda não foi encontrado o remédio concreto, dada a fragilidade das instituições do próprio país; instituições que, há poucas semanas, foram obrigadas a libertar um traficante de drogas para amenizar a situação entre o próprio governo e o cartel.

Economias corruptas, economias pouco atraentes

De acordo com a Secretaria da Transparência Internacional (TI), existe uma grande relação entre a corrupção nos países e o enfraquecimento da democracia. Esses países mais corruptos acabam sendo, portanto, países menos democráticos e mais sujeitos a sistemas mais autoritários. Isso, como eu disse, é um problema real. Segundo os rankings apresentados pela Secretaria, muitos dos países latino-americanos, especialmente o caso da Venezuela, ocupam posições muito atrasadas no ranking dos países mais corruptos que o próprio órgão elabora. Da Venezuela, que obteve pontuação de 18 em 100, considerada o país mais corrupto da região, até o México, que, como dissemos no exemplo, obteve 28 de 100.

Algumas posições que colocam a economia na América Latina como uma economia onde a corrupção tem grande presença em sua economia, testemunhando um alto nível de informalidade nos países. Uma alta informalidade que também vivem países como Nicarágua ou Guatemala, à frente do México no ranking. Segundo estudo divulgado pelo Banco Mundial, um em cada cinco brasileiros, um em cada quatro peruanos, além de 15% dos chilenos, consideram que a corrupção é um dos principais problemas da América Latina. De acordo com o mesmo estudo, a corrupção ganhou tamanha presença nos países que, no México, 23,6% dos entrevistados pela agência consideram que os subornos são justificados.

A corrupção na América Latina atingiu o ponto de os cidadãos considerarem que nada podem fazer para detê-la. Tanto é que em países como a Bolívia, 28,6% dos pesquisados ​​afirmam ter pago propina à polícia para um fim específico; no México, 23,8% também afirmam ter pago propina à polícia; enquanto em países como Paraguai ou Peru, os cidadãos que afirmam ter feito isso representam 21% e 18,6%, respectivamente. Por outras palavras, quase um quinto dos cidadãos inquiridos afirma ter tido de pagar subornos à polícia do país.

Do lado empresarial, retomando o que falamos anteriormente e a importância do investimento estrangeiro nessas economias, em países como o Brasil, 11,7% dos entrevistados que têm interesses no país consideram que terão que pagar propina para realizar negócios no país; em países como o México, o número de empresas sobe para 17,6%; 17,6% que, justamente, também têm países como o Peru. Outros países, como Paraguai ou República Dominicana, apresentam níveis de 13,8% e 12,3%, respectivamente. Motivo que mostra a percepção negativa dos empresários sobre a corrupção nos países latino-americanos.

Motivo que, por sua vez, justifica o grande volume de investimentos que a região está perdendo por não precisar dessa garantia legal para não ter que enfrentar os efeitos decorrentes dos casos de corrupção. Uma situação que, como eu disse, está sendo revertida, mas ocorre de forma muito gradual e com um controle que, às vezes, é impossível medir com dados. No entanto, nos últimos meses, a 4ª revolução industrial, a digitalização e tudo o mais que está criando um ambiente de negócios na era digital está oferecendo soluções a muitos países para eliminar esses efeitos adversos da corrupção.

A digitalização das instituições, tendo em vista que grande parte dessa corrupção ocorre no trato direto com funcionários, policiais e dirigentes, pode ter efeito sobre a própria corrupção, pois se o processo for feito de forma digital, não havendo necessidade de recorrer a funcionários que emitem a documentação licenças ou certificados, o processo poderia ser mais democrático do que se, ao contrário, tivéssemos que fazer o processo fisicamente. A digitalização pode ser uma ótima ferramenta para esses países, uma vez que as instituições digitalizadoras podem criar um ambiente mais democrático no país, equalizando processos e evitando a cobrança ilegal de subornos.

Digitalização como solução para a corrupção

O próprio Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) recomendou que os países latino-americanos realizem processos de digitalização das instituições o mais rápido possível. A agência considerou que a realização de processos de digitalização de procedimentos burocráticos pode ter um impacto direto sobre a corrupção no país. Pois, em um país onde não há burocracia física, seria mais difícil continuar subornando devido ao formato digital.

Por isso, os organismos multilaterais consideram que um processo em que todos os procedimentos sejam realizados eletronicamente não só geraria um cenário mais democrático, mas também aumentaria notavelmente os níveis de transparência. Causando assim maior segurança e garantia por poder realizar os trâmites sem a presença de um funcionário. Com a digitalização, os subornos que, como nos lembramos, um quinto dos mexicanos teve de pagar, seriam reduzidos em uma quantia enorme.

Na Europa, por exemplo, 81% dos procedimentos burocráticos podem ser realizados eletronicamente; No entanto, na América Latina apenas 7% desses procedimentos burocráticos podem ser realizados eletronicamente. Isso mostra a grande presença da corrupção nesses países, já que não é lógico que apenas 7% dos procedimentos burocráticos possam ser realizados online, colocando a permissão das instituições no combate à corrupção na mira das autoridades globais. Mas, além disso, como o próprio BID indica, a digitalização da burocracia não só reduz a corrupção, mas também reduz os custos do governo em termos de gastos públicos, uma vez que não é necessário tanto oficial para os procedimentos, e eles podem se dedicar a outros coisas como serviços sociais.

Em suma, uma melhoria muito substancial e que os países da região devem aderir. A América Latina não pode ser uma região em que os países apresentam tais níveis de informalidade econômica. A necessidade de investimentos deve provocar maior conscientização entre os políticos e dirigentes do país, concentrando esforços na redução e na melhoria da situação, alcançando assim maior atratividade para os países. Em níveis semelhantes, o potencial das economias emergentes da região está se reduzindo consideravelmente, impedindo o desenvolvimento e o crescimento que os cidadãos latino-americanos tanto procuram e precisam.